Olá! Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo. Ao utilizar este site, você concorda com o uso de cookies.

Sexta Feira, 26 de Abril de 2024

Noticias

APÓS 2 ANOS: “Nos primeiros meses da pandemia, já tivemos casos de feminicídio”

O relato foi feito pela delegada Jozirlethe Criveletto

09 de Março de 2021 as 08h 30min

Aumento no número de feminicídios tem relação com maior permanência em casa – Foto: Divulgação

DA REPORTAGEM

 

A delegada Jozirlethe Magalhães Criveletto, titular da Delegacia Especializada de Defesa da Mulher, disse que a pandemia do novo coronavírus piorou a situação da violência doméstica. Apesar do número de registros de casos ter diminuído, o número de feminicídios aumentou, o que mostra que a violência ocorria, mas alguns casos só chegavam às autoridades no último estágio, quando ocorria a morte da mulher.

Segundo a delegada, desde março de 2020, quando iniciaram as primeiras medidas de combate à Covid-19, o número de registros de violência doméstica em Cuiabá caiu. A Delegacia da Mulher nunca ficou fechada, no entanto, por causa das medidas restritivas a procura foi menor.

Outro motivo também foi o cárcere privado. Com o agressor passando mais tempo em casa com a vítima, existiram situações em que a mulher foi impedida de sair de casa. Também havia a possibilidade de registro online, mas a delegada Jozirlethe explicou que muitas das vítimas vivem em situação de maior vulnerabilidade social, com menos acesso à informação e tecnologia. Apesar de queda nos registros, a violência não diminuiu.

“Na verdade, nós tivemos uma diminuição de denúncias, de boletins de ocorrência registrados, mas gradativamente tivemos um aumento no número de morte de mulheres. E isso significa, para nós que trabalhamos com enfrentamento à violência, que na realidade isso estava acontecendo dentro dos lares, e esse ciclo de violência chegava até o último grau que é o feminicídio”.

De acordo com a delegada, Cuiabá já estava há dois anos sem registro de casos de feminicídios e após o início da pandemia, logo nos primeiros meses mortes começaram a ser registradas.

As denúncias que ocorreram foram principalmente feitas por mulheres de classes mais pobres. A delegada explicou que a questão da violência doméstica é diferente dos outros crimes, pois a vítima precisa de um acolhimento e de uma rede de amparo, e para mulheres em maior vulnerabilidade social o amparo do Estado é a única opção.

“Hoje a violência doméstica está em todas as classes sociais. Existem pessoas que tem outros meios, mas as mulheres em maior vulnerabilidade social necessitam mais das políticas públicas [...] muitas delas não têm opção, não tem emprego, então elas precisam destas políticas públicas. A atração que a delegacia exerce muitas vezes não é nem a questão da condenação do agressor, é que a mulher precisa de ajuda para retomar a vida dela sozinha”.

Jozirlethe disse que as mulheres com maior poder aquisitivo também sofrem violência doméstica, mas conseguem resolver o problema sem passar pela esfera criminal, buscam a Justiça por meios próprios. O principal desejo das vítimas, segundo a delegada, é se livrar da violência, não necessariamente a condenação do agressor.

“E isso reflete uma cultura da nossa sociedade, no sentido de que a mulher quer se livrar da violência. Ela não pensa no agressor da mesma forma que uma vítima pensa em um ladrão, ela pensa no agressor como o marido dela, como o companheiro, namorado, alguém muito próximo a ela. Então é muito difícil para ela entender esta questão de que esta pessoa seja condenada, porque a condenação soa como sofrimento, e muitas pensam ‘olha, eu não preciso que ele sofra, só preciso que me deixe em paz’, o pensamento dominante é esse”.

Com as novas medidas restritivas impostas pelo Governo do Estado, a delegada acredita que o número de casos de violência doméstica deve crescer. A delegada afirmou que a Delegacia da Mulher vai continuar atendendo normalmente e as vítimas poderão contar com toda a rede de apoio, como Casa de Amparo, patrulha Maria da Penha da Polícia Militar, e também o Poder Judiciário, caso seja necessária uma medida protetiva.

Veja Mais

Morar próximo de áreas verdes reduz o risco de ansiedade e depressão

Publicado em 26 de Abril de 2024 ás 14h 05min


Chega ao mercado novo dosador de semente graúda

Publicado em 26 de Abril de 2024 ás 13h 04min


Grupo Piccin aposta na inovação para otimizar eficiência

Publicado em 26 de Abril de 2024 ás 12h 03min


Jornal Online

Edição nº1281 25/04/2024