HISTÓRICO: MT já vendeu 20% da soja e 15% do milho da safra 2020/21

Efeito positivo da alta do Dólar no preço dos grãos pesou na decisão dos produtores

20 de Março de 2020 as 06h 00min

DA REPORTAGEM

A semana começou com nervosismo no mercado financeiro e valorização do Dólar, o que exige atenção total de quem precisa ficar de olho nas oscilações do câmbio para tomar decisões. Na agricultura, esse foco tem que ser constante e muito analítico para que embase decisões corretas. De acordo o economista Daniel Latorraca, que é superintendente do Imea, momentos de maior volatilidade existem atenção máxima dos agricultores, para que a compra de insumos e a venda da produção seja feita com as “ferramentas de comercialização” certas. Em períodos assim, afirma, ter cautela é essencial.

Frente à valorização da moeda norte-americana, Latorraca lembra que nas últimas três safras o câmbio foi “o salvador da lavoura”, já que os agricultores compraram insumos com um Dólar “mais barato” do que na hora da venda dos grãos. Desta vez porém, ele alerta, não há garantias e indícios que possam sustentar qualquer expectativa de que o câmbio continue ascendente até a hora da colheita da próxima safra. Ou seja, a decisão agora tem que ser muito bem embasada.

Análises à parte, tem muito agricultor aproveitando o atual cenário econômico para definir o futuro da safra 20/21 de soja e milho. A alta do Dólar em fevereiro “anulou” a desvalorização das commodities em Chicago e garantiu preços atrativos aos produtores, segundo o Imea.

Com isso, venda da atual safra saltou 7,53 pontos percentuais, chegando a 75,48% do volume total. Já para a safra 20/21, o avanço foi de 7,06 pontos percentuais, elevando para 20,27% o volume já negociado com antecedência. O montante vendido com antecedência é histórico. Nesta mesma época do ano passado, apenas 2,45% da produção prevista estavam comercializados. Na média das últimas cinco safras, a negociação ficou em 0,49%.

De acordo com o Imea “apesar da queda na bolsa de Chicago CMEGroup, o atual cenário econômico segue favorecendo os negócios, visto que o contrato corrente para o Dólar fechou com uma média mensal de R$ 4,35/US$ em fevereiro, alta de 4,85% em relação a janeiro. Atrelado a isso, a forte demanda chinesa nos últimos meses garantiu bons negócios aos players do mercado, o que refletiu diretamente nos embarques do mês em questão”. Ainda segundo o Instituto, “o preço dos negócios realizados em Mato Grosso durante fevereiro ficou em uma média de R$ 74,43/sc para a safra 2019/20 e R$ 74,45/sc para a safra 2020/21, alta de 3,79% e 3,46%, respectivamente”.

MILHO

Assim como o da soja, o mercado do milho também registrou movimentação expressiva em fevereiro. De acordo com o Imea, na busca pelos bons preços para o cereal “alguns produtores se animam para fechar e garantir melhores negócios”. Assim, a comercialização do milho safra 2019/20 saltou para 73,4% (avanço de 8,96 pontos percentuais).

“A demanda interna firme e o aumento do Dólar sustentaram os preços negociados no estado, que apresentou uma média de R$ 27,72/sc, aumento de 4,48% ante o mês anterior”, aponta o Imea. Quanto às vendas da safra futura, houve avanço de 13,16 pontos percentuais, alcançando em fevereiro 15,17% da produção prevista.

“Tal adiantamento nas vendas é reflexo do cenário favorável de preços do cereal, aliado busca do mercado em garantir produto e a necessidade de os produtores travarem os custos da próxima safra”, aponta o Instituto, que reportou preço mensal médio de R$ 26,95/sc.