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Mato Grosso, 29 de Março de 2024

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PANTANAL: Pastagens são destruídas pelo fogo

Com incêndios, pecuaristas temem falta de alimento para o gado

21 de Agosto de 2020 as 10h 00min

Foto: Divulgação

DA REPORTAGEM

 

O avanço dos incêndios no pantanal mato-grossense aumentou a preocupação dos pecuaristas da região. Muitas pastagens foram destruídas e os produtores já não sabem se haverá alimento suficiente para dar o gado. “Tem fazenda que queimou 100% da área, mas a preocupação maior é que está ficando sem o pasto. O gado vai emagrecer e a hora que ele for procurar água, com as águas baixas, ele pode correr o risco de morrer atolado. A perda para o fazendeiro vai ser muito grande daqui para frente”, alerta Arlindo Márcio Morais, pecuarista em Poconé.

A situação é crítica. O bioma enfrenta a pior seca dos últimos 30 anos. O número de focos de calor contabilizados este ano pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais é 211% maior que no mesmo período de 2019 (considerando os registros em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul). Estima-se que só em Mato Grosso, o fogo tenha atingido mais de 350 mil hectares.

O Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, viu de perto o estrago feito pelas chamas. Ele sobrevoou as áreas atingidas na região de Poconé e lamentou a destruição no bioma. Salles também elogiou o trabalho dos combatentes a campo e disse que o Governo Federal vai disponibilizar o que for necessário para estancar as chamas.

“Colocamos R$ 10 milhões a mais, só para essa operação que está acontecendo aqui, justamente para que aeronaves possa estar em emprego absoluto, todo o tempo. Quando nós fomos questionados pela bancada federal sobre esse aumento da velocidade das queimadas, realocamos recursos previstos para o Ibama e ICMBio”, comentou o ministro, que também destacou o apoio dos aviões agrícolas no combate aos incêndios. “É muito bem-vindo o apoio da aviação agrícola, os proprietários de aeronaves do setor agrícola podem e devem colaborar também nessa tarefa de combate às queimadas”, frisou.

Presente durante a entrevista do ministro, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso, Normando Corral, comentou a fala de Salles. “Isso é uma demonstração clara de que os produtores rurais, tão criminalizados, estão aliados na prevenção e combate aos incêndios. Isso ficou muito claro! Não adianta exibir números de multas imputadas injustamente para o dono da propriedade, sendo que não foi ele o causador do incêndio”, destacou.

O governador de Mato Grosso também elogiou o apoio do setor produtivo da região no combate e prometeu punir os culpados. “A Secretaria de Meio Ambiente tem tecnologia suficiente para identificar, minuto a minuto, o que acontece no estado. Nós podemos recuperar as imagens no sistema e teremos imagens que possam demonstrar o instante como o fogo começou e aonde ele começou. Com essa tecnologia teremos capacidade de saber se é um incêndio criminoso, acidental, feito por alguém alheio ao proprietário rural. Nós não iremos penalizar indevidamente ninguém, mas responsabilizaremos aquele que por má fé ou conscientemente causou esses incêndios”, prometeu Mauro Mendes.

O cenário nas áreas atingidas pelo fogo é desolador. O rastro da destruição tinge de cinza a vegetação, as pastagens e muitos animais silvestres que também perderam a vida. Quem tem gado na região, conseguiu livrar com muito esforço o rebanho das chamas, mas teme que falte alimento para os animais. É o caso do ‘seo’ Cristóvão Afonso da Silva, que teve 60% dos 15 mil hectares de pasto destruídos. Um prejuízo estimado em meio milhão de Reais, que ainda pode gerar mais impactos. “Nosso prejuízo é muito grande, perdemos pastagem, cercas. Não sabemos ainda o que nós vamos fazer porque sem pasto vamos ter que deslocar (o rebanho) para alguma área e está muito difícil encontrar área que não queimou. Estamos aguardando para ver se Deus manda uma chuva aí para apagar o fogo, porque caso contrário, nós vamos viver nesse sofrimento diário até um dia esse fogo apagar”, lamenta o pecuarista.

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