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SÓ NESTE ANO: Cuiabá tem mais de 600 casos de pessoas desaparecidas, diz DHPP
Delegado afirma que falta estrutura no núcleo de desaparecidos e isso prejudica as investigações
16 de Outubro de 2019 as 07h 30min
Pelo menos 54 casos ainda não tiveram solução – Foto: DivulgaçãoDA REPORTAGEM
Foram registrados 612 desaparecimentos somente de janeiro a setembro deste ano, em Cuiabá, segundo o núcleo de desaparecidos da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção a Pessoas (DHPP). Desses, 54 casos ainda não tiveram solução.
Tatiane dos Santos Rodrigues Bueno contou que o marido, Wellington Bueno Carvalho, 36 anos, está desaparecido há mais de seis meses e até agora não há informações sobre o paradeiro dele. “Fico angustiada, porque a dor do desaparecimento é pior do que descobrir que está morto”, disse.
A última informação que a família teve é que ele foi deixado próximo da casa onde mora, em Cuiabá, após voltar de uma viagem a trabalho, em Nobres. “Conversei com ele o dia todo. Ele disse que chegaria tarde, mas que no outro dia cedo trabalharia, mas ele não chegou naquele”, contou. Wellington tem dois filhos pequenos e, segundo Tatiane, as crianças estão sofrendo com a falta do pai.
Outro caso que ainda não teve resposta é o de Caio Padilha Lemes, de 25 anos. Ele está desaparecido há sete meses. Segundo a família, o jovem saiu de casa para trabalhar e não voltou mais. “Ele saiu para passear e não chegou, mas no outro dia cedo fiquei sabendo que ele foi trabalhar normalmente. Depois disso, não tive mais notícias”, disse a mãe de Caio, Geci Padilha.
As duas famílias registraram boletim de ocorrência na DHPP. O delegado que investiga os desaparecimentos, Olímpio da Cunha Fernandes Júnior, reforçou que a investigação pelo desaparecimento desses jovens está em andamento.
Ele afirmou que 90% dos casos são esclarecidos, mas ainda falta mais estrutura para o núcleo. “Não temos um delegado específico para o núcleo. Atualmente, estou acumulando as funções de investigações da delegacia. Temos poucos investigadores e poucos escrivães”.
Atualmente, apenas dois investigadores e uma escrivã trabalham no núcleo de desaparecidos da delegacia. Sobre a falta de estrutura do núcleo, a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) disse que reconhece o deficit de delegados e servidores nas unidades e que a situação está sendo monitorada, mas que a prioridade no momento é restabelecer o equilíbrio fiscal e, por isso, não há previsão orçamentária para novos concursos.
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