Olá! Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo. Ao utilizar este site, você concorda com o uso de cookies.

Terça Feira, 14 de Outubro de 2025

Noticias

96% dos 580 trabalhadores resgatados em canteiro de obras em MT eram negros

10 de Outubro de 2025 as 06h 06min

Investigação encontrou um total de R$ 3,9 milhões em verbas trabalhistas sonegadas – Foto: Divulgação

Dos 586 trabalhadores resgatados de condições análogas à escravidão em Porto Alegre do Norte, 96% eram negros. Os dados foram divulgados em um relatório da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Mato Grosso e do Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM).

Em agosto, auditores-fiscais encontraram trabalhadores recrutados nas regiões Norte e Nordeste do país em situação degradante, em um canteiro de obras na zona rural do município. A operação, iniciada dia 20 de julho, revelou condições insalubres na construção de uma usina de etanol. A ação contou com apoio do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Ministério Público do Trabalho (MPT) e Polícia Federal.

Do total de trabalhadores, apenas três eram mulheres que trabalhavam como cozinheiras. Além disso, eles vieram de várias partes do país, sendo a maioria recrutada na região nordeste: Maranhão (70%), Piauí (9%), Mato Grosso (8%), Pará (6%) e Ceará (2%).

No relatório, os auditores concluíram que os alojamentos eram superlotados e localizados no canteiro de obras e apresentava constantes falta de água e energia elétrica. Vídeos registrados no local mostraram que camas de beliches despencando do meio da noite em cima de trabalhadores em razão do tempo de uso do material. Ventiladores não eram suficientes para amenizar o calor dos quartos de alojamento.

Na última ocasião de falta de água para os mais de 500 trabalhadores alojados, a empresa encheu as caixas d’água com caminhões pipa com água diretamente do rio e sem qualquer tratamento, de acordo com os auditores.

O cenário de trabalho degradante foi descoberto na construção de uma usina de etanol da empresa 3Tentos. A obra era executada pela TAO Construtora. A empresa tem quatro obras em andamento no estado, com cerca de 1,2 mil trabalhadores, sendo a unidade de Porto Alegre do Norte a maior delas.

Em nota, a 3tentos informou que adotou uma série de ações para apurar os fatos e avaliar as medidas cabíveis, além de colaborar com as autoridades responsáveis.

Já a empresa TAO Construtora informou que está colaborando com a investigação da polícia e que, até o momento, não foi autuada sobre o caso. Segundo a empresa, alguns trabalhadores foram realocados depois de terem sido afetados por um incêndio criminoso no alojamento, provocado por colegas. A construtora disse ainda que firmou, com o Ministério Público do Trabalho, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com caráter emergencial e reparatório, sem confissão de culpa.

Um incêndio que atingiu parte dos alojamentos, segundo a investigação, pode ter sido provocado pelos próprios trabalhadores, em protesto contra as frequentes falhas no fornecimento de energia elétrica e água potável.

No dia do incêndio, a PM chegou antes do corpo de bombeiros, ameaçando os trabalhadores e disparando bala tiros de bala de borracha. Alguns foram levas para a delegacia de polícia da região, chegaram a ficar detidos por três dias e foram liberados. Trabalhadores foram obrigados a mostrar para as autoridades policiais conversas no celular para comprovar não envolvimento no incêndio. Muitos perderam todos os pertences no incêndio.

A investigação apontou ainda que a empresa, então, demitiu 17 trabalhadores por justa causa e se recusava a demitir aqueles que desejavam voltar para as cidades de origem, os quais tiveram que pedir demissão e a abrirem mão de direitos trabalhistas, pois estavam sem documentos e condições de continuar trabalhando. Trabalhadores ficaram hospedados em casas ou em um ginásio da cidade esperando trâmites da empresa para serem dispensados.

Os auditores fiscais identificaram um total de R$ 3,9 milhões em verbas trabalhistas sonegadas entre fevereiro de 2024 e julho de 2025, decorrente da jornada não declarada. Isso inclui FGTS, reflexos sobre verbas salariais, como 13º salário, férias, descanso semanal remunerado, além de prejuízos previdenciários.

A sistemática de pagamentos extraoficiais — inclusive por meio de cheques — buscava sonegar obrigações da própria empresa e negar direitos dos trabalhadores, conforme a investigação.

Fonte: DA REPORTAGEM

Veja Mais

Prefeito e vice-governador discutem nova escola em Sinop

Publicado em 14 de Outubro de 2025 ás 19h 47min


4 aldeias indígenas são alvos de operação contra exploração sexual

Publicado em 14 de Outubro de 2025 ás 18h 46min


Tapurah: rodovia recebe obras para o escoamento da produção

Publicado em 14 de Outubro de 2025 ás 17h 41min


Jornal Online

Edição nº1654- 15/10/2025