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Segunda Feira, 15 de Dezembro de 2025

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Advocacia Reborn: Entre a infância da IA e a Renovação da Profissão

31 de Outubro de 2025 as 07h 56min

Você já percebeu que o mundo mudou? Agora estamos tentando entender se as mudanças são mais positivas ou negativas quando o assunto é vida em sociedade, direitos, avanços da tecnologia e bem-estar coletivo. Passamos pelo mundo VUCA, depois virou BANI, e agora temos a sensação de que ele está um pouco LOUCO. 

O desafio tem sido entender o que é real e o que é artificial, em um mundo que oscila entre fantasia e realidade. Tudo ficou acelerado, em constante transformação, e parece que, entre o online e o offline, ainda não encontramos um equilíbrio — afinal, é essa somatória que constitui nossa nova vida nos tempos modernos. 

O jurista quer a petição feita por IA, mas não aprendeu sobre letramento digital. Veio o processo eletrônico, o julgamento virtual, e nos bancos da academia que formam os novos profissionais ainda se gasta tempo discutindo se o endereçamento ficaria mais elegante ou correto ao utilizar “Excelentíssimo” ou simplesmente “ao juízo”, enquanto deveríamos estar investindo tempo entendendo sobre o direito da atualidade. 

Termos como legal operations, smart contracts, marketing jurídico, provas digitais, planejamento de carreira, finanças, entre outras áreas como direito para startups, deveriam estar na grade curricular. É como se a vida que acontece nos negócios — em que nós somos os consumidores — demorasse para chegar aos advogados e escritórios que oferecem os serviços. Na verdade, a demora é, em grande parte, nos pequenos e médios escritórios. 

Para a advocacia que trabalha com a fatia do contencioso de massa e o grande volume, o algoritmo, a jurimetria e a automação já estão lá há algum tempo. Até o Chief AI Officer já tem um lugar para se sentar. 

Não bastasse grande parte da advocacia não entender o que está acontecendo, alguns acreditam que saber conversar com um modelo de LLM seja a solução de todos os problemas. Esse é apenas um recurso. Quando falamos em Inteligência Artificial — que, em sua infância, parece superar alguns pensadores da justiça — isso acontece porque não estamos pensando além. 

Criticidade, criatividade e intencionalidade, somadas a uma pitada de liderança, são temas para ontem, para uma sociedade que parece já ter ultrapassado a internet das coisas. Mas hoje, devemos falar mesmo é da advocacia Reborn. 

Poderíamos falar da advocacia em suas várias transições e mudanças culturais, econômicas e intelectuais. Existe uma parcela que acredita que tudo precisa vir pronto e mastigado, e que acaba se encontrando perdida no processo por não acompanhar a ordem lógica e cronológica do crescimento e aperfeiçoamento do mundo e da profissão. 

Mas quero chamar sua atenção à advocacia Reborn, essa que, se formos fazer a tradução e origem etimológica, vem de renascido, derivado do latim renasci, traduzindo: alguém que precisa nascer de novo. A advocacia atual lida com questões que envolvem e beiram a “LAWcura”: situações que não estão na jurisprudência, que mais se parecem com filmes de ficção científica — mas que também não deixam Alice no País das Maravilhas para trás. E quando pensamos em renascer, precisamos beber de outras fontes. 

Precisaremos continuar estudando matérias como processo civil e, claro, endereçar a peça “ao juízo” — isso faz parte da técnica. Mas quando se trata do direito material, e dos fatos que insistem em não acompanhar as leis, é preciso entender que a sociedade mudou. 

É carro que dirige sozinho, drone que entrega comida, aspirador robô que limpa a casa e chatbot que resolve grande parte da comunicação — e isso já faz parte da nossa vida. Ou será que sentimos saudades de enfrentar a fila no banco? 

Considerando que a Inteligência Artificial é uma ferramenta de uso geral, que altera a forma como vivemos e nos comunicamos, a falta de contato com ela nos priva de pertencer à advocacia e até de cumprir nosso propósito. 

O que é humano está sendo substituído pela máquina? Não só pela máquina — em algumas situações, é substituído por objetos e coisas também. 

Para alguns, são sinais do fim dos tempos. Prefiro pensar que são sinais de novos tempos, em que pensar pode custar caro; já não pensar e se adaptar sem as ressalvas necessárias custará nosso trabalho, nossas relações e nossa vida em sociedade como um todo. 

E como seres sociáveis e relacionais que somos, formados por várias camadas, nunca foi tão atual e urgente falarmos sobre o futuro da nossa profissão. Em meio aos avanços, uma parcela significativa se encontra sozinha — e no sentido mais literal que possa existir. 

Enfrentamos uma epidemia de solidão e superagentes de IA que parecem substituir o nosso trabalho. Será importante nos questionarmos onde e como podemos encontrar contentamento profissional, como podemos ser parte de redes e grupos de apoio — seja para a utilização de novas tecnologias, seja para nos planejarmos para o amanhã do novo jurídico. 

E não pense que é só saber usar a Inteligência Artificial que sua profissão estará garantida. A modernidade nos exigirá mais: uma vida entre algoritmos e habilidades sociocomportamentais. Entender de gente será mais necessário do que nunca, e os dados irão nortear muitas das nossas decisões. 

A advocacia precisa ser parte do aperfeiçoamento da cultura. Fazer parte desse processo de mudança é assumir um papel de protagonismo — isso é para a advocacia de hoje, e não do amanhã. 

Afinal, podemos ser Law, mas também podemos ser Cura, sob o aspecto do acróstico (criticidade, uma raridade atual). 

Para isso, a advocacia precisa renascer em criatividade, potencializar a sua humanidade e lutar para continuar sendo indispensável à administração da justiça. 

CÍNTIA BELINI É ADVOGADA E PROFESSORA EM SINOP 

Fonte: CÍNTIA BELINI

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