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Apostadores investiram R$ 250 mil para manipular resultados
13 de Dezembro de 2024 as 19h 56min
Eles suspeitaram de traição de atletas aliciados – Foto: DivulgaçãoMensagens interceptadas pela Polícia Federal indicam que um grupo de manipuladores investiu cerca de R$ 250 mil na Patrocinense/MG, para que partidas do time na Série D do Brasileiro deste ano fossem fraudadas para beneficiar apostadores.
O esquema, porém, foi descoberto, gerou prejuízo aos investidores e suspeitas entre os envolvidos de que atletas que tinham sido aliciados para alterar os resultados dos jogos tenham traído o grupo.
Em outubro, a PF concluiu que houve manipulação no jogo entre Inter de Limeira e Patrocinense, pela primeira fase da Série D. Segundo relatório enviado à Justiça, apostadores tinham conhecimento prévio de que a equipe mineira perderia o primeiro tempo da partida por ao menos dois gols.
O jogo, disputado em junho em Limeira, no interior de São Paulo, terminou 3 a 0 para os donos da casa, todos os gols marcados no primeiro tempo: um aos 27 minutos, numa confusão entre zagueiros e o goleiro da Patrocinense, outro no primeiro minuto dos acréscimos, e o terceiro aos 49 minutos, um gol contra.
Foram indiciadas seis pessoas: o gestor do clube, Anderson Ibrahim Rocha, o treinador Estevam Soares, que teve passagens por Palmeiras e Botafogo, Marcos Vinicius da Conceição do Nascimento, possível investidor, o auxiliar Rodolfo Santos de Abreu, além dos atletas Felipe Gama Chaves e Richard Sant Clair Silva.
Em más condições financeiras, a Patrocinense desistiu de disputar a primeira divisão do Campeonato Mineiro com o torneio em andamento – o que causou o W.O. de suas partidas e o rebaixamento da equipe.
Com vaga na Série D, mas sem time ou estrutura, no final de março o clube aceitou fazer uma parceria com a AIR Golden, agência do empresário Anderson Ibrahim Rocha, que teria prometido investimentos de R$ 600 mil na fase de grupos do torneio, além de outros R$ 200 mil em caso de classificação.
Uma investigação da Polícia Federal, porém, demonstra que o clube foi arrendado com a intenção de ser usado para manipular partidas e atender a pedido de apostadores. Houve uma operação de busca e apreensão em junho que mirou Rocha, o técnico Estevam Soares e atletas da equipe em que documentos e telefones celulares foram apreendidos.
As conversas extraídas dos aparelhos, especialmente o de Rocha, apontam que o esquema não deu certo: os apostadores reclamaram de prejuízo, aliciadores dizem não ter recebido o que deveriam e houve suspeita de que jogadores que supostamente faziam parte do acordo teriam traído o grupo, o que levou a ameaças.
O jogo que iniciou a investigação foi o duelo com a Inter de Limeira, pela sexta rodada da competição. Mas há indícios de que houve ao menos a tentativa de fraudar outras partidas. A Patrocinense, que notificou a empresa de Rocha um dia antes do jogo para romper contrato, disputou os 14 jogos da primeira fase e terminou na lanterna do grupo A7, com cinco pontos.
Pouco depois de assumir a gestão da Patrocinense, em março, Rocha inicia uma troca de mensagens com um empresário ucraniano identificado como Jan, com quem ele organizava a manipulação de partidas na Finlândia. Ele envia a Jan, pelo aplicativo Whatsapp, uma imagem do grupo em que a Patrocinense disputaria a Série D: “Só equipes de mercado forte. Estou com uma possibilidade muito boa”.
Àquela altura, o técnico Estevam Soares, que no início dos anos 2000 tinha trabalhado em equipes como Palmeiras, Botafogo, Portuguesa, Guarani e Ponte Preta, já estava no clube.
Em maio, após uma derrota por 4 a 1 para o Pouso Alegre, surgem suspeitas de manipulação dos jogos do time na imprensa local. Estevam troca mensagens com Rocha, mas indica não desconfiar do gestor, ainda que demonstre preocupação. “É preciso a gente ficar atento, ver quem que é mesmo aí, quem aí serve, quem não serve desse corpo atlético aí, desses atletas. Porque senão estoura em você, estoura em mim. Os primeiros que vão se ferrar é o executivo, o treinador. Jesus!!! Se você tiver um tempinho aí me dá uma ligada que estou com isso na cabeça. A gente fica perturbado”, disse Estevam, em áudio transcrito pela Polícia Federal.
A análise do celular do treinador mostra, também, uma conversa com uma mulher identificada como Roseli, que seria uma conselheira espiritual de Estevam, segundo a PF. Em conversas com ela, que a princípio sugeriu que ele não aceitasse a proposta de trabalhar na Patrocinense, ele desabafa:
“Eu vou tomar esse banho de louro aí. A coisa aqui está meio pesada a barra. Aqui não é o que eu pensava não. Fora de campo que está me preocupando um pouco. Estão surgindo alguns problemas aqui, meio esquisito, sabe?”.
Uma outra conversa relevante se dá entre Estevam e o atacante Thiago Ribeiro, ex-Santos, que tinha deixado a Patrocinense pouco antes. Ele aconselha Estevam, que em outras conversas havia exposto viver um período de crise financeira antes de assumir a equipe, a se demitir. “O gol contra do Richard foi escandaloso, coisa pra sair preso do estádio. Por isso eles queriam tanto que o Richard jogasse”, afirmou o Thiago Ribeiro.
SUSPEITAS DE TRAIÇÃO
Dois depois da partida contra a Inter de Limeira, Anderson Rocha troca mensagens com um homem chamado Wesley, que pergunta ao empresário se ele continua em Patrocínio – o contrato com o clube havia sido rompido pelas suspeitas de fraude nas partidas. “Estou, mas vou hoje para (São José do) Rio Preto. Não sou louco”, disse Rocha.
Wesley pergunta se "o parceiro conseguiu alguma coisa sábado" (dia do jogo contra a Inter). “Não deu certo como gostariam. Nem recuperaram o investimento, depois veio essa bomba”, responde Rocha, que depois reclama: “Investiram em torno aí de uns R$ 250 mil nas minhas contas, entendeu? Mas porra, eu não imaginava que ia acontecer o que aconteceu, de não dar certo ou de perder o clube. Eles pagaram os meninos, os jogadores, até onde eu sei não pagaram o Rodolfo (assistente) também e não me pagaram, mano. Simplesmente falou que não recuperou e que a gente precisa ver o que vai fazer”.
Em junho, quando a Polícia Federal fez operação de busca e apreensão, tanto a Inter de Limeira como a Patrocinense informaram que colaboravam com as investigações.
Fonte: DA REPORTAGEM
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