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Sexta Feira, 18 de Julho de 2025

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Bacia do Araguaia perde 33% da vegetação nativa; área de soja cresce 18x em 37 anos

05 de Julho de 2025 as 13h 19min

Dados são de estudo inédito – Foto: Assessoria

Entre 1985 e 2022, a bacia hidrográfica do Araguaia perdeu 33% da cobertura de vegetação nativa, enquanto a área destinada à produção de soja cresceu 18 vezes. No mesmo período, a vazão mínima de segurança da bacia — volume de água necessário para manter os rios fluindo durante períodos secos — teve uma redução de 10%.

Os dados fazem parte de um levantamento inédito realizado pelo projeto especial Cerrado – O Elo Sagrado das Águas do Brasil, da Ambiental Media, com base em informações da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e do MapBiomas.

Localizada em parte na região do Matopiba — que abrange Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia — a bacia do Araguaia é uma das mais afetadas pela expansão da fronteira agrícola.

Além do desmatamento e do avanço das monoculturas, o levantamento apontou queda de 19% na quantidade de chuvas desde a década de 1970 e aumento de 4% na evapotranspiração potencial, que é a quantidade de água devolvida à atmosfera pela vegetação e pelo solo. Esse fenômeno está diretamente relacionado às mudanças climáticas e agrava a crise hídrica.

Entre as seis grandes bacias analisadas no estudo — Araguaia, Paraná, Parnaíba, São Francisco, Taquari e Tocantins —, o Araguaia aparece como a segunda com maior perda proporcional de vegetação nativa, atrás apenas da bacia do Taquari. No total, a perda média entre todas foi de 22%. A análise revela ainda que a vazão mínima de segurança (Q90) caiu, em média, 27% desde a década de 1970. A perda de 1.300 m³ por segundo representa, em termos práticos, o equivalente a 30 piscinas olímpicas por minuto — volume suficiente para abastecer o Brasil inteiro por mais de três dias.

A expansão da soja é apontada como um dos principais vetores dessa transformação. Em 37 anos, a área cultivada nas seis bacias cresceu de cerca de 620 mil hectares para mais de 12 milhões. No mesmo intervalo, a vegetação nativa recuou significativamente, comprometendo o equilíbrio dos ecossistemas e a oferta de água.

O Cerrado, embora menos visado que a Amazônia, é considerado o "coração das águas do Brasil", por abastecer oito das doze regiões hidrográficas do país. Ocupa 25% do território nacional e sustenta rios fundamentais como o São Francisco, o Tocantins, o Xingu e o Tapajós, além de ser essencial para o Pantanal.

Apesar disso, o bioma é historicamente negligenciado em políticas de preservação e, com uma legislação ambiental menos rigorosa do que a amazônica, tornou-se o principal palco da expansão do agronegócio. “Quando o Cerrado é devastado, estamos colocando em risco os recursos hídricos do Brasil, afetando a todos nós”, alerta Yuri Salmona, geógrafo, doutor em Ciências Florestais pela Universidade de Brasília (UnB) e coordenador científico do projeto.

O trabalho da Ambiental Media também enfrentou o desafio de traduzir grandes volumes de dados em narrativas acessíveis ao público. Durante mais de um ano, jornalistas, cientistas ambientais, analistas de dados e designers trabalharam juntos para transformar as informações técnicas em conteúdo visual e interativo, com mapas 3D e gráficos detalhados.

Segundo o jornalista Thiago Medaglia, diretor-executivo da Ambiental e idealizador do projeto, o Cerrado precisa estar no centro do debate ambiental, e não à margem. “Seja na balança comercial, na torneira de casa ou na conservação de espécies, sem Cerrado, não há futuro viável para o Brasil”, afirma.

Fonte: DA REPORTAGEM

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