Olá! Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo. Ao utilizar este site, você concorda com o uso de cookies.

Sexta Feira, 17 de Outubro de 2025

Noticias

Brasil compensa perdas redirecionando exportações para outros mercados

17 de Outubro de 2025 as 13h 37min

Recuperação puxada pelo café não torrado e pela carne bovina desossada e congelada – Foto: Divulgação

Após a imposição de tarifas pelo governo americano, o Brasil conseguiu compensar boa parte da perda de receita nas exportações para os Estados Unidos ao redirecionar embarques para outros países. Entre os 20 produtos mais exportados ao mercado norte-americano, nove apresentaram queda nas vendas, mas aumentaram ou mantiveram desempenho mais estável em outros destinos, comparando-se agosto e setembro de 2024.

No total, o Brasil perdeu US$ 375,5 milhões em receita com esses nove produtos nos EUA, mas obteve US$ 1,25 bilhão a mais em exportações para o restante do mundo. A recuperação foi puxada principalmente pelo café não torrado e pela carne bovina desossada e congelada, beneficiados também pela alta de preços internacionais.

Segundo dados da Secex, o café brasileiro foi redirecionado principalmente para países da Europa, como Alemanha e Holanda, além do Japão, enquanto as carnes bovinas tiveram como principais destinos a China e as Filipinas. O México, vizinho dos Estados Unidos, também se consolidou como um mercado alternativo importante, com aumento de 292,6% nas compras de carne bovina congelada e de 90% nas importações de café não torrado.

“Os exportadores estão buscando expandir mercados alternativos aos EUA. A China está absorvendo parte dessas exportações, especialmente carnes, enquanto o México também se torna um destino estratégico”, avalia José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

A economista Lia Valls, da UERJ e do FGV Ibre, explica que o tarifaço afetou os produtos de forma desigual. Em seis deles, as exportações para os EUA até cresceram, mas abaixo da expansão observada em outros mercados. Em outros cinco, as vendas para os americanos aumentaram, enquanto para o restante do mundo houve crescimento menor ou queda. O resultado foi uma redução da participação dos Estados Unidos nas exportações brasileiras desses 20 produtos, que caiu de 28% para 21,4%. No total das exportações do Brasil, a fatia americana passou de 11,6% para 9%.

Alguns produtos, porém, não conseguiram compensar totalmente as perdas. Entre eles, os semimanufaturados de ferro ou aço, que registraram queda de US$ 86,7 milhões em vendas aos EUA e aumento de apenas US$ 31,5 milhões em outros mercados. Preparações alimentícias, conservas de bovinos e transformadores elétricos tiveram compensações apenas parciais. “A mudança mais profunda com o tarifaço é que os Estados Unidos deixaram de ser um parceiro confiável”, alerta Rafael Cagnin, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

Os setores de café e carne bovina foram determinantes para a recuperação geral de receita. As exportações de carne bovina congelada caíram 58% para os EUA, com perda de US$ 90,9 milhões, mas cresceram 70% para outros destinos, somando US$ 1,16 bilhão. Já o café não torrado teve recuo de 11,3% nas vendas aos americanos, equivalente a US$ 27,5 milhões, mas registrou aumento de 9,1% no restante do mundo, chegando a US$ 155,3 milhões.

A China se consolidou como principal destino da carne bovina brasileira, ampliando sua participação de 58,8% para 67,2% e aumentando os embarques em 81,8%. O México, embora em menor escala, também apresentou avanço expressivo. “A dependência em relação aos EUA para café e carne é relativamente baixa, permitindo redirecionamento sem grandes perdas. Além disso, preços favoráveis ajudam a compensar impactos”, explica Cagnin.

Apesar da recuperação parcial, a concentração das exportações em poucos mercados, especialmente a China, ainda representa risco para o agronegócio brasileiro. Produtos que tiveram queda tanto nos Estados Unidos quanto em outros destinos — como partes para motores a diesel, madeiras compensadas e açúcares — reforçam a necessidade de diversificação, com maior presença na União Europeia e na América do Sul.

Alguns itens, contudo, conseguiram crescer mesmo sob o tarifaço. As exportações de pneus de borracha para ônibus e caminhões, por exemplo, aumentaram 417,3%, enquanto as de bulldozers e angledozers cresceram 66,2% e 707%, respectivamente. Segundo Valls e Castro, parte desse aumento decorre de operações intracompanhia e de brechas legais abertas por códigos específicos de isenção tarifária.

O cenário mostra que o Brasil conseguiu se adaptar rapidamente ao novo contexto imposto pelos Estados Unidos, fortalecendo sua presença em outros mercados e reduzindo a dependência do parceiro americano. Ainda assim, o episódio reforça a importância de uma política comercial mais diversificada e voltada à conquista de novos destinos para as exportações nacionais.

Fonte: DA REPORTAGEM

Veja Mais

Gestão: Credencia +Sorriso amplia transparência nas compras públicas

Publicado em 17 de Outubro de 2025 ás 16h 39min


Moagem de cacau cai 16% e indústria enfrenta retração com custos altos

Publicado em 17 de Outubro de 2025 ás 15h 38min


Falsos policiais são condenados a 68 anos pela chacina contra família

Publicado em 17 de Outubro de 2025 ás 14h 38min


Jornal Online

Edição nº1655- 16/10/2025