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Quinta Feira, 30 de Janeiro de 2025

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Chuvas provocam perdas na soja e transtornos na MT-322 no Nortão

30 de Janeiro de 2025 as 09h 50min

Chuvas e transtorno na MT-322 – Foto: DIvulgação

O excesso de chuvas tem provocado atrasos e transtornos na colheita da soja no extremo norte de Mato Grosso. Algumas lavouras mais adiantadas registram perdas significativas na qualidade do grão, ao mesmo tempo em que alguns trechos não pavimentados da MT-322 estão sendo duramente castigados pela alta concentração de água. Produtores, empresários, motoristas e até lideranças indígenas cobram melhorias e a pavimentação total da rodovia estadual.

Pouco mais de 30% dos 3.450 hectares de soja cultivados pelo produtor Jandir Sima estão prontos para colher. Alguns, segundo o produtor, inclusive já passando do ponto. Ele comenta que para tentar vencer a alta umidade e evitar perdas, uma força tarefa junto aos vizinhos foi montada.

“Estamos com a união dos vizinhos. A nossa região é muito unida. Já estamos com 1,8 mil, 1,9 mil milímetros [acumulados] de setembro até hoje. Nós estamos, praticamente, com 50% de 1.180 hectares que está dessecado com 50% de perdas, de avariados. Esse ano já estamos no vermelho. A dívida vai só aumentando com o nosso maquinário que foi comprado na alta. Vender a soja na baixa, nós não damos conta de pagar as parcelas. Vamos ter que ir atrás dos bancos, vamos ter que buscar recurso este ano para deixar a fazenda em dia e ficar devendo no vermelho”, disse ao Canal Rural.

“Chove fora do comum. É coisa de louco. Eu nunca vi nesses oito anos que estou aqui chuva igual. Para se ter uma ideia, nós vamos ter nesses seis mil hectares quase mil hectares de brejo que não vai dar para colher. Não vai entrar máquina, vai ter que deixar lá e abandonar”, diz Alcindo.

Conforme o produtor, muita soja deverá ficar pronta ao mesmo tempo, ligando o alerta também para a armazenagem. “Temos armazéns, mas é pequeno. Não suporta a nossa colheita. Temos dez máquinas para colher e colhe 30 mil sacas em um dia e como é que seca? Nossa região vai perder muita soja”, salienta Alcindo.

O diretor da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja Mato Grosso), Diego Bertuol, conta que há grãos germinando no pé. Além disso, as chuvas estão atrasando as aplicações de defensivos agrícolas, elevando a presença da mosca branca.

“O grão ele encharca, começa a secar e encharca novamente e começa arder e a brotar. Nós vemos até a soja verde com o terço inferior tendo brotação, tendo grão germinado no seu pé. Estamos com os defensivos atrasados. Temos uma alta infestação de mosca branca. Tivemos uma concentração do plantio. Então, mesmo que a gente não faça a dessecação, vamos ver a soja chegar junto. Nós vamos ter problemas na hora do recebimento. Isso a Aprosoja já alertou há alguns meses que esse seria o cenário. Então tudo vai impactando de modo negativo nesse extremo norte de Mato Grosso”, frisa ele.

Da porteira para fora também há transtornos provocados pela chuvarada no estado. Alguns trechos ainda não pavimentados da MT-322, considerada a principal via de escoamento da produção agropecuária na região, estão sendo duramente castigados pelos atoleiros.

O caminhoneiro Willian dos Santos Cristino é um dos que sofrem ao ter que passar pela região. Atolado no trecho sem asfalto, ele viu as dificuldades aumentarem ainda mais quando até a patrola que ajudava a puxá-lo atolou. Já o caminhoneiro Edgar José Fortuna comenta que está desde domingo tentando completar 25 km.

Empresário na região no setor pecuário, Milton Bellincanta revela que já nos primeiros dias de 2025 teve animais que chegaram a ficar dois dias embarcados. “Tivemos que descarregar os animais em fazendas de terceiros para que eles pudessem se alimentar, beber água e carregar novamente para chegar ao destino e fazer o abate. Demoraram seis dias entre a data de embarque e a data de abate. Então você vê o prejuízo que isso causa tanto para as escalas aqui da indústria como para o próprio produtor”.

Fonte: DA REPORTAGEM - Canal Rural

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