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Crise mundial do cacau abre oportunidade para o Brasil
18 de Agosto de 2025 as 08h 47min

A Páscoa de 2025 foi uma das mais caras dos últimos anos, reflexo da disparada no preço do cacau no mercado internacional. Segundo a Organização Internacional do Cacau (ICCO), entre outubro e dezembro de 2024, a tonelada do produto subiu 66% em Londres e 64% em Nova York. A alta é consequência da queda na oferta global, agravada por eventos climáticos extremos, lavouras envelhecidas e a disseminação do vírus CSSV, que afeta países líderes como Costa do Marfim e Gana.
Nesse cenário, o Brasil vê uma oportunidade de retomar o protagonismo perdido após a crise causada pela vassoura-de-bruxa, que na década de 1990 reduziu em até 70% a produção nacional, especialmente na Bahia. “A doença praticamente acabou com a produção cacaueira no Brasil e gerou um colapso social e ambiental que ainda tem reflexos”, lembra o engenheiro agrônomo Adolfo Moura.
Três décadas depois, tecnologias como a irrigação localizada e clones adaptados podem recolocar o País no mapa mundial. “O Brasil tem a chance de suprir a demanda, mas ainda precisamos ampliar as áreas plantadas para atender o mercado interno e, depois, exportar”, reforça Moura.
IRRIGAÇÃO COMO PROTAGONISTA
A irrigação por gotejamento desponta como aliada estratégica para o cultivo de cacau no Brasil. A técnica aplica água e nutrientes diretamente na raiz, com eficiência acima de 90%, reduzindo perdas e podendo elevar a produtividade em até 150%, segundo a FAO e a World Cocoa Foundation.
Com soluções como as da Rivulis, o cultivo a pleno sol tornou-se viável em regiões antes limitadas. Mudas jovens recebem de 2 a 5 litros de água por dia, enquanto árvores adultas demandam de 20 a 40 litros, variando conforme o clima e o estágio de crescimento. A fertirrigação complementa o processo, fornecendo micronutrientes essenciais como zinco, ferro e boro.
Com manejo adequado, áreas irrigadas podem produzir mais de 2 mil quilos por hectare ao ano — quase quatro vezes a média de muitos países africanos —, aumentando a renda do produtor e viabilizando o cultivo em locais antes pouco explorados.
CACAU CEARENSE
O Ceará desponta como nova fronteira para o cultivo de cacau. Em 2010, um projeto de cooperação entre a Associação Univale, Frutacor, CEPLAC e Embrapa, liderado pelo engenheiro agrônomo Diógenes Henrique Abrantes Sarmento, buscou alternativas agrícolas para o Vale do Jaguaribe em plena seca.
Após testar diversas culturas, o cacau mostrou melhor adaptação. A primeira área implantada, de quatro hectares, utilizou 12 clones nacionais, com destaque para as variedades CCN51 e PS319, que alcançaram de 2,5 a 3 toneladas por hectare — bem acima das médias tradicionais, de até 900 kg/ha.
“Esse resultado comprovou o potencial da cultura no Estado. Com clones de qualidade, manejo adequado e irrigação localizada, foi possível atingir alta produção mesmo sob o calor e o sol cearense”, afirmou Sarmento.
IMPORTÂNCIA DA IRRIGAÇÃO
Com o avanço do cultivo de cacau para áreas mais quentes e secas, a irrigação por gotejamento tornou-se pilar do modelo produtivo, garantindo controle preciso de água e nutrientes, lavouras mais uniformes e uso racional dos recursos.
Segundo Carlos Barh, engenheiro agrônomo da Rivulis, a técnica é a mais indicada para a cultura. “O cacau nasceu para ser irrigado por gotejamento, pois a técnica evita excesso de umidade, reduz risco de fungos e garante que a planta receba água na quantidade e momento certos”, afirma.
Ele também destaca a fertirrigação como aliada essencial. “A planta sem água não vive, e só com água não se desenvolve. É preciso fornecer os nutrientes corretos no momento adequado, minimizando perdas e assegurando produtividade e qualidade”, completa.
POTENCIAL
Com a qualidade dos clones atuais, o cacau pode se expandir pelo Ceará e outras regiões do Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste. Segundo Sarmento, é uma cultura de baixa necessidade de mão de obra, adequada para épocas quentes e facilmente consorciável com outras culturas, ideal para todos os tipos de produtores.
Outra vantagem é a alta rentabilidade: áreas pequenas podem gerar até 3 mil kg de amêndoas por hectare, com renda bruta de R$ 150 mil e custo de R$ 22 mil, oferecendo boa margem.
Para ampliar a produção, o setor busca parcerias público-privadas, pesquisas, financiamentos e linhas de crédito, além de capacitação de mão de obra e expansão de viveiristas para reduzir a espera por mudas, destacou Sarmento.
Fonte: ASSESSORIA DE IMPRENSA
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