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Cuidados paliativos: o novo pilar da medicina que une dignidade, eficiência e humanidade
23 de Outubro de 2025 as 08h 46min

Os cuidados paliativos representam uma das transformações mais profundas na medicina contemporânea. Muito além de tratar doenças, essa abordagem busca cuidar de pessoas — com foco no alívio da dor, do sofrimento físico e emocional, e no fortalecimento da autonomia e da dignidade de quem enfrenta condições de saúde graves.
Segundo o médico paliativista Dr. Douglas Crispim, membro da Organização Nacional de Acreditação (ONA), “os cuidados paliativos devem ser vistos não como o fim de uma trajetória, mas como um novo andar do sistema de saúde: o que cuida do que é invisível — o sofrimento humano”.
Diferente do que muitos imaginam, os cuidados paliativos não se aplicam apenas a pacientes terminais. Eles devem caminhar lado a lado com os tratamentos curativos desde o diagnóstico de doenças como câncer, insuficiência cardíaca, doenças pulmonares, renais, hepáticas e neurológicas.
Essa integração permite reduzir sintomas, evitar internações desnecessárias e melhorar a qualidade de vida. “Quando bem aplicados, os cuidados paliativos não antecipam a morte. Pelo contrário: eles ajudam o paciente a viver melhor e, muitas vezes, por mais tempo”, explica Crispim.
O conceito também se estende ao público infantil. Em casos perinatais, quando o diagnóstico de uma doença fetal grave é precoce, o papel da equipe é oferecer acolhimento e planejamento para garantir conforto e vínculo familiar, mesmo diante de prognósticos difíceis.
“Cuidar, nesses casos, é dar sentido ao tempo que se tem. É proteger o amor e a dignidade, mesmo diante do fim”, afirma o médico.
No Brasil, o acesso a esse tipo de cuidado ainda é restrito. Dados da Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP) mostram que cerca de 625 mil brasileiros precisam de cuidados paliativos, mas apenas 234 serviços estão estruturados em todo o país. Destes, Mato Grosso conta com apenas dois, um número que evidencia as desigualdades regionais e o impacto silencioso da falta de atendimento especializado.
“A ausência desse cuidado gera dor e sofrimento desnecessários, além de custos mais altos para o sistema de saúde e uma sobrecarga emocional imensa para as famílias”, observa Crispim.
Esse déficit reflete um desafio global: formar profissionais preparados para lidar com o sofrimento humano em todas as suas dimensões. Ainda há escassez de médicos, enfermeiros, psicólogos e fisioterapeutas com formação específica na área, o que limita a expansão dos serviços.
“Não se trata apenas de ter boa vontade, mas de construir equipes multiprofissionais, com capacitação técnica e emocional para oferecer cuidado integral”, explica.
Nos últimos anos, entretanto, o país tem avançado. A criação de programas de residência médica em cuidados paliativos, o reconhecimento da especialidade em enfermagem e a inclusão obrigatória do tema nas graduações em saúde são passos importantes.
Em 2024, o Brasil também deu um salto institucional com a Política Nacional de Cuidados Paliativos (PNCP), considerada uma das mais completas do mundo. O programa prevê financiamento tripartite — federal, estadual e municipal — e a expansão de centros de referência em todas as regiões.
O Dr. Crispim reforça, no entanto, que o desafio vai além da criação de leis. É preciso consolidar serviços acreditados e monitorados, garantindo qualidade e resultados mensuráveis. Nesse ponto, a ONA exerce um papel essencial.
“A má prática em cuidados paliativos gera desperdícios milionários em um sistema já sobrecarregado. A acreditação garante qualidade, transparência e confiança — pilares que transformam o atendimento em um verdadeiro cuidado humanizado”, destaca.
No cenário internacional, o Brasil ainda aparece mal posicionado nos rankings de qualidade da morte, ao lado de países com baixos indicadores sociais. Mesmo assim, vem ganhando destaque positivo pela seriedade das políticas implantadas e pelo protagonismo na Aliança Mundial de Cuidados Paliativos e Hospice (WHPCA), parceira da Organização Mundial da Saúde (OMS). Essa presença reforça o compromisso do país em transformar o discurso em prática.
Mais do que uma tendência, os cuidados paliativos representam um novo paradigma de saúde — um modelo que valoriza a escuta, o vínculo e a dignidade. Como resume Dr. Crispim, “um sistema que apenas reage ao adoecimento é insustentável. Mas aquele que cuida com empatia e planejamento é capaz de devolver ao paciente o que há de mais precioso: o sentido de viver, mesmo diante da dor”.
Fonte: ASSESSORIA DE IMPRENSA
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