Disputa pelo governo de MT embaralha mais a cada dia

17 de Julho de 2025 as 07h 19min

A corrida pelo governo de Mato Grosso em 2026 começa a ganhar contornos de embate interno na direita. União Brasil e PL disputam protagonismo, enquanto o vice-governador Pivetta vira peça-chave no tabuleiro. Jayme Campos confirma interesse na disputa mesmo com apoio declarado de Mauro ao seu vice. Nos bastidores, o prefeito Abílio tenta unir bolsonarismo e pragmatismo numa só candidatura.

A cada reunião, fala ou movimentação nos bastidores, a disputa pelo comando de Mato Grosso em 2026 se revela mais fragmentada e imprevisível. O anúncio informal do senador Jayme Campos (União Brasil) de que poderá disputar o governo — ou até o Senado — não apenas desafia a lógica da sucessão montada por Mauro Mendes, como também cria um desconforto político dentro de seu próprio grupo. Afinal, Mauro já deixou claro, ainda que em caráter pessoal, que seu candidato é o vice Otaviano Pivetta (Republicanos), nome que vem sendo construído com apoio de peso dentro e fora do estado.

Ao mesmo tempo, uma movimentação silenciosa, mas carregada de simbolismo, começa a ganhar corpo: o esforço de lideranças do PL, capitaneadas pelo prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini, para aproximar Pivetta do senador Wellington Fagundes — esse, sim, já ungido com o selo de “candidato de Bolsonaro”. O convite feito por Abílio para que Pivetta se filie ao PL revela duas coisas: que o jogo está em aberto, e que, se depender da ala bolsonarista, a unidade ainda está longe de ser alcançada.

Curiosamente, Pivetta, que ajudou a eleger Abílio em Cuiabá junto com Mauro Mendes, foi alvo de um recuo estratégico do prefeito após um alerta do diretório regional do PL. Na prática, o que se vê é um prefeito tentando equilibrar fidelidade ao ex-presidente Bolsonaro com alianças políticas recentes — uma equação difícil num estado em que o bolsonarismo segue forte, mas onde a máquina governamental ainda impõe muito peso.

Por outro lado, a insistência de Jayme Campos em se manter como opção viável — mesmo diante de um Pivetta com apoio de Mauro, Republicanos, Blairo e Cidinho Maggi — indica mais do que vaidade política. É a demonstração de que o União Brasil ainda vive um dilema de identidade e liderança. Jayme é experiente, popular em parte do eleitorado e tem um histórico que o coloca como voz ativa no partido. Mas bancá-lo significaria romper com a linha de continuidade de Mauro, o que pode abrir fraturas que serão difíceis de remendar.

Enquanto isso, Wellington Fagundes aguarda. Conta com Bolsonaro, tem o respaldo do diretório nacional do PL, mas ainda não conseguiu unir a legenda regional em torno de seu nome. O movimento para filiar Pivetta ao PL, ao que tudo indica, seria uma tentativa de forçar essa unidade por cima — mesmo que isso implique em um “acerto” entre dois possíveis candidatos que caminham para a mesma direção.

Em resumo, o campo conservador em Mato Grosso caminha para o que parece ser um jogo de cartas embaralhadas — em que todo mundo quer sentar à mesa, mas ninguém quer ceder a vez. O tempo até 2026 promete ser marcado não apenas por definições, mas por disputas internas, puxadas de tapete e alianças que ainda vão surpreender. A pergunta que fica: quem vai conseguir unir o time mais competitivo antes do apito inicial?

Fonte: DA REPORTAGEM