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Empresa de “delator” toca restaurante da UFMT Sinop
Alan Malouf é o proprietário da empresa que detém R$ 16,8 milhões em contratos com universidade
17 de Maio de 2019 as 00h 00min

JAMERSON MILÉSKI
GC Notícias
Um dos principais operadores do esquema criminoso que desviou recursos da Secretaria de Educação de Mato Grosso, denunciado, investigado e condenado a 15 anos de prisão na “Operação Rêmora”, Alan Malouf é o “dono” dos Restaurantes Universitários da UFMT de Sinop, Cuiabá e Rondonópolis. Os contratos que o empresário possui com a instituição de ensino correspondem a R$ 16,8 milhões por ano.
Malouf é sócio proprietário da Novo Sabor Refeições Coletivas Ltda. Essa empresa detém a concessão onerosa dos restaurantes universitários das três unidades da UFMT no estado. O contrato mais antigo – e também o mais volumoso - é com a sede, em Cuiabá. A Novo Sabor opera o Restaurante da UFMT de Cuiabá desde 2014, recebendo R$ 10,7 milhões por ano.
A mesma empresa também foi contratada para operar o Restaurante da UFMT de Sinop, oficialmente instalado em 2017. O contrato foi firmado com dispensa de licitação e foi prorrogado até novembro desse ano. No campus do Norte a Novo Sabor vende 75,3 mil cafés da manhã e 301,8 mil almoços/jantares. Para tal a empresa recebe da instituição R$ 2,7 milhões. Em contrapartida, paga a locação do espaço de 1,2 mil metros quadrados: pouco mais de R$ 10,8 mil por mês – menos de 5% do valor total do contrato.
A Novo Sabor acumula ainda o Restaurante da UFMT de Rondonópolis, com um contrato de R$ 3,4 milhões, firmado no ano passado, 2018, dois anos depois de Alan ser denunciado na Operação Rêmora.
Mesmo o fato de ser denunciado como parte de uma organização criminosa que negociou mais de R$ 56 milhões em licitações para construção de escolas públicas em Mato Grosso não impediu Alan Malouf de firmar contratos com o poder público – mesmo na Educação. A condenação, Há 15 anos de prisão, também não impedirá o empresário de cumprir ou desfrutar desses contratos.
Desde que a Operação Rêmora começou, em 2016, Malouf passou apenas 10 dias preso. O empresário firmou um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF), o que garantiu sua vida fora das grades.
Da pena de 15 anos de prisão, Malouf vai cumprir 7 meses em prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica, 5 meses no semiaberto (não há unidade específica em Mato Grosso) e nos 13 anos restantes não terá nenhum impedimento além de comparecer à Justiça uma vez por mês para ‘justificar suas atividades’.
O acordo com o MPF estabelece que Malouf pagará R$ 5,5 milhões - a título de “indenização”, já que na prática, não houve desvio direto de recursos públicos. Deste total, R$ 3,38 milhões serão pagos por meio de entrega de imóveis cuja avaliação foi contratada pelo próprio delator. E o restante parcelado em 10 vezes.
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