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Quarta Feira, 18 de Dezembro de 2024

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Entenda por que os anfíbios de Chernobyl não sofrem tanto com a radiação

17 de Dezembro de 2024 as 13h 58min

Uma rã-da-árvore oriental (Hyla orientalis), de coloração verde intensa, apoiada numa folha alongada em um ambiente escuro. Sua pele lisa, olhos dourados e linhas sutis em tons mais escuros ao longo do corpo são visíveis.

A explosão do reator nuclear em Chernobyl, em 1986, lançou partículas radioativas sobre uma vasta área, transformando um ambiente antes comum em um cenário hostil e aparentemente inóspito.

Ao longo das décadas, diferentes espécies de sapos demonstraram uma notável capacidade de adaptação, encontrando novas formas de sobreviver e prosperar mesmo nas condições mais desafiadoras. Vamos conhecer mais desses sapos superpoderosos?

Em 26 de abril de 1986, a explosão do reator número 4 da Usina Nuclear de Chernobyl, localizada na antiga União Soviética (atual território da Ucrânia), desencadeou o pior desastre nuclear da história.

O incidente, resultado de um teste de segurança malsucedido, resultou numa violenta liberação de materiais radioativos na atmosfera. A explosão lançou uma imensa quantidade de partículas radioativas no ar, que foram dispersas pelos ventos sobre extensas áreas da Ucrânia, Belarus e Rússia.

A região mais próxima ao reator, conhecida hoje como Zona de Exclusão, tornou-se inabitável devido aos altos níveis de radiação. Lá, ainda hoje, a radioatividade permanece muito acima do considerado seguro, o que torna o solo perigoso, a água imprópria para consumo e a produção agrícola inviável sem um controle rigoroso.

Contaminando de maneira permanente o solo e água da região estão elementos como césio-137 e estrôncio-90, que continua a emitir radiação ionizante, capaz de alterar o material genético de organismos vivos.

A radiação ionizante é capaz de retirar elétrons de átomos e moléculas, criando íons altamente reativos que podem se ligar quimicamente ao DNA. Quando esses íons reagem com as estruturas genéticas, eles podem provocar quebras nas fitas duplas do DNA.

E esses danos genéticos prejudicam o funcionamento adequado das células, impedindo a síntese correta de proteínas e interrompendo processos vitais do metabolismo celular. Em níveis muito elevados de exposição, a radiação ionizante é capaz de comprometer o funcionamento geral do organismo, resultando em sérias lesões nos órgãos internos e podendo causar a morte.

As rãs que habitam a região de Chernobyl, particularmente a espécie conhecida como rã-da-árvore oriental (Hyla orientalis), tornaram-se objeto de estudo devido a uma transformação notável em sua coloração ao longo das últimas décadas.

Antes do desastre nuclear que marcou profundamente o ambiente, esses anfíbios exibiam tonalidades predominantemente verdes, semelhantes às de populações encontradas em áreas não afetadas. No entanto, passados mais de trinta anos desde a contaminação, muitos indivíduos apresentam hoje uma pele consideravelmente mais escura, aproximando-se do preto. Mas essa mudança não foi da noite para o dia, nem por razão estética.

Uma rã de cor verde vívida descansando sobre folhas verticais, com corpo robusto, olhos escuros e uma leve linha marrom ao longo da lateral da cabeça.

A função protetora da melanina é um ponto-chave para compreender a mudança observada. Essa substância pigmentante desempenha um papel semelhante ao que cumpre em outros organismos, inclusive humanos, na defesa contra radiações de diferentes tipos.

Assim, as rãs com mais melanina apresentam maior probabilidade de sobreviver, reproduzir-se e transmitir seus genes às gerações seguintes, perpetuando essa característica vantajosa na população.

Além disso, a mudança cromática nessas rãs não ocorre isoladamente. Embora o foco esteja na pigmentação, é provável que outros ajustes fisiológicos e comportamentais acompanhem essa transformação.

Ao longo do tempo, as rãs mais escuras podem ter se tornado mais aptas a encontrar abrigo, alimento e parceiros reprodutivos mesmo em um cenário de radiação constante.

Fonte: DA REPORTAGEM

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