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GALVAN: EM DEFESA DO AGRO
O presidente da Aprosoja declarou que se a Lei Khandir cair a produção ficará inviável
02 de Maio de 2019 as 19h 03min

CLEMERSON MENDES
(colaboração de
José Roberto Gonçalves)
Nascido dentro da atividade rural, Antônio Galvan, homem a roça, com muito orgulho, chegou em Sinop no ano de 1986 para hoje se tornar uma das principais referências do setor no estado de Mato Grosso. Como o próprio menciona, a atividade agrícola está no sangue, uma vocação que fez com que ele partisse para a representativa do setor, inicialmente no ano de 2005 com a presidente do Sindicato Rural de Sinop e atualmente a frente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso e a vice-presidência da entidade em nível nacional.
Essa representatividade junto aos produtores rurais, faz com que Galvan se posicione forte, defenda com unhas e dentes o setor. Principalmente quando pisam no calo desses produtores. Durante a entrevista ao Diário do Estado MT, o presidente da Aprosoja falou do sucesso e importância do Circuito Aprosoja que está em sua 14ª edição, com o tema “Custo + Tributação = Agricultura em Risco”, um recado direto e reto para o governo que busca uma tributação do setor injusta segundo os produtores.
Na visão de Galvan, antes do governo pensar em retirar os percentuais do Fethab destinados à infraestrutura, o governo deveria acabar com os desvios de recursos e a corrupção. Confira abaixo essas e outras fortes declarações do presidente da Aprosoja, Antônio Galvan.
DIÁRIO DO ESTADO MT – Há quanto tempo o senhor é produtor?
ANTÔNIO GALVAN – Na prática, nasci na atividade rural, no Rio Grande do Sul, em uma pequena propriedade da família, do meu pai e da minha mãe, na roça propriamente dito, aquele sistema de pequena propriedade – colono. Mas acabei saindo fora desta atividade, porque é custosa, isso há 40 anos. Fui para o Paraná, trabalhando com caminhão, banco, restaurante, e em 1986 viemos para o Mato Grosso. Mexemos com extração de madeira em Sinop, logo depois começamos a criar gado, porque o valor da terra era irrisório, se comparado com hoje, até voltar a mexer com agricultura mecanizada. Estamos na atividade agrícola e acreditamos que vamos ficar muito tempo nela, porque ela está no sangue da gente.
DE – Quando as pessoas estão muito tempo dentro de uma profissão, não é meramente uma função: está no sangue. Qual é a gratificação para o senhor estar envolvido há tantos anos nesse segmento?
AG – É uma vocação. Logicamente, tem os mesmos problemas de qualquer atividade, principalmente pelo medo com as constantes crises no setor, problema climático. Como é uma atividade a céu aberto, existem os riscos. Agora, ela é prazerosa. Se você faz algo que não gosta, fica um pouco mais difícil. A gente acabou se envolvendo na representatividade do segmento, fiquei aqui como presidente do Sindicato Rural de Sinop por vários anos, assumi em 2005, sendo dois mandados como presidente e uma como vice, e hoje estou como presidente licenciado, sendo que depois assumi como presidente da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso, bem como vice da Aprosoja Brasil.
DE – Em 2019, o Circuito Aprosoja está na sua 14ª edição. O que representa o evento para os produtores rurais?
AG – A Aprosoja acabou nascendo de uma demanda de ter o setor mais isolado para poder defender uma única atividade, que era e continua sendo a principal – produção de soja. Ampliamos para o milho, que são as duas principais commodities plantadas dentro do estado. E com certeza absoluta o Circuito Aprosoja é o momento máximo da entidade, e é quando a gente vai para o interior, nos 24 núcleos, passamos de um a um. Começamos esse ano pela região Norte, Cláudia, Lucas do Rio Verde, Vera, Sorriso e Sinop. E com certeza a gente sempre traz os temas mais pertinentes que existem no momento, na época em que definimos a programação. Hoje você vê os altos custos de produção, alta nos insumos, e também a própria tributação. Está aí essa discussão que estamos acompanhando, a recriação do Fethab do milho, alíquota maior. Esse ano, o próprio algodão subiu muito, pecuária que se manteve e isso vem nos preocupando. E tem um convênio que foi protelado por mais um ano, esteve em discussão novamente, e o grande gargalo é a Lei Khandir. Se ela vier a cair, e o produtor tiver que pagar o ICMS, com certeza vai inviabilizar a agricultura em Mato Grosso. Por isso, nós utilizamos o tema. Com o custo de produção mais a taxação, com certeza, a nossa atividade agrícola estará em risco.
DE – A escolha do tema do Circuito Aprosoja, “Custo + Tributação = Agricultura em Risco”, é de certa forma um recado para o governo?
AG – Com certeza absoluta e para a sociedade de uma forma geral também, porque automaticamente nós estamos falando de produção de alimentos, e está sendo inviabilizado por taxações – recursos que o governo leva, achando que vai resolver o problema de déficit dele –, e vai simplesmente trazer um problema para a maior área da economia estadual e federal. Se inviabilizar o agronegócio, nós vamos parar. Você parando a produção, o estado para junto no ano que vem, porque não tem como gerar esses impostos que não estariam sendo cobrados. Então, com certeza, colocando a atividade agrícola em risco, Mato Grosso só tem a perder e a sociedade também. A produção de alimentos vai ficar escassa e haverá aumento nos preços deles, e a população vai sentir isso na hora de comprar no supermercado.
DE – Esse redirecionamento do Fethab, com maior parte para a saúde e educação, explique por que a Aprosoja é contra essa percentagem de 65%.
AG – Para a educação, para a saúde, segurança pública, já existe um percentual dos impostos recolhidos. E o que a gente tem visto acontecer é que o Estado não tem colocado os percentuais que a legislação já determina. Existem recursos pré-estabelecidos em cima disso. O Fethab foi criado justamente para ajudar num socorro do Estado para alavancar a construção de rodovias, principalmente. Porque o ir e vir das pessoas...às vezes dá-se a impressão de que as estradas são só para os caminhoneiros, mas não, elas levam todo mundo que trafega nelas. Todo mundo será beneficiado. Sinop tem um grande polo de saúde, mas e o cidadão que está lá em União do Sul, por exemplo, não consegue chegar a Sinop para um socorro por falta de rodovia? Será que a rodovia não é saúde também? Não adianta você ter um grande hospital, se quem está mais no interior não tiver acesso até aqui. Então uma coisa está atrelada a outra. Esse recurso foi criado único e exclusivamente para a gente trabalhar na infraestrutura do estado. Para querer crescer, sem infraestrutura não vai. Por isso nós não concordamos. É fatídico que a saúde e a educação devem receber atenção, mas existe o recurso específico para ela.
DE – O mesmo exemplo que o senhor deu da saúde também cabe para a educação, porque Sinop recebe inúmeros alunos de outros municípios.
AG – Com certeza, principalmente do interior, que você precisa da rodovia estadual para poder trazer esses estudantes. Se não tiver investimento em infraestrutura, não resolve nada. A gente precisa de um todo. Se na educação já há uma cifra definida, que são 25%, e aplique bem este recurso. O que tem que acabar é com esses desvios de recursos, especialmente de corrupção. Nós não concordamos, são 60% que foi definido por lei, agora levaram mais 10% para o MT-Parcerias S.A. (MT-PAR), e isso nos deixou mais insatisfeitos, que fez surgir o movimento “Mato Grosso Forte” para nos manifestarmos publicamente.
DE – Sobre o aumento do imposto quanto à produção do milho. Vocês têm alguma proposta para levar para o Governo de Mato Grosso e chegar em um denominador comum?
AG – Especificamente, na questão do Fethab do milho é tirá-lo fora. Não o aceitamos, é um produto que raramente sofre catástrofe, como em outras regiões do país. É um produto que trabalhamos no vermelho praticamente todo ano. E o retorno imediato dos 10% do MT-PAR, que venha para a área de projetos, ou para firmar parcerias público-privadas (PPP) com produtores que estão dispostos a ajudar mais um pouco nos trechos de rodovias. E os 60% o governo utiliza, era uma proposta de dezembro, janeiro, mas a partir de 2020 que seja 100% dos Fethab investido em commodities, em infraestrutura – rodovias e pontes.
DE – Esse pedido para que vá tudo destinado para infraestrutura...o senhor já declarou que há algumas localidades que estão bem precárias...
AG – A nossa região (Sinop) até que está bem de rodovias, mas quando você sai mais ao Norte, Noroeste e Nordeste do estado, estão bem precárias. Aqui próximo, na região de Itanhangá, Porto dos Gaúchos, se ele quiser vir por rodovia, por onde ele tem que ir de caminhão? Há trechos de 100 km de estradas de terra, com muitos buracos. Uma das emergências é concluir a MT-222, que liga de Sinop a Simioni; é o caso também de Nova Maringá. O pessoal passou um aperto para retirar a safra produzida pela MT-488. No Nortão, destacamos a MT-208 e a MT-419, que liga até Carlinda, descendo até Novo Mundo e vai a Guarantã do Norte. Também temos a MT-130. Santiago do Norte a Paranatinga. Quem produz soja e via levar até Rondonópolis tem que andar o dobro da distância porque tem que vir até Sorriso, Lucas, descer a Cuiabá e ir para Rondonópolis. Essas demandas que existem das nossas rodovias, se puder encurtar distância, facilitar e muito o escoamento da produção.
DE – Além do transporte rodoviário, a Aprosoja está buscando alternativas de escoamento?
AG – O transporte rodoviário é o mais caro, falamos das rodovias federais e estaduais, porque ela é o primeiro momento do escoamento. Mas sem a gente poder mudar nossos modais, principalmente o ferroviário, temos a promessa da Ferrogrão, talvez neste ano saia a licitação, assim como pelas próprias hidrovias, porque hoje a nossa região tem condições tranquilas de instalar uma hidrovia dentro do Rio Teles Pires, ou mesmo no Rio Arinos, saindo no (Rio) Juruena, pegando o (Rio) Tapajós, e temos condições. É a única saída que existe para o estado crescer e poder fazer chegar o produto ao consumidor um pouco mais distante.
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