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Mais de 68 mil marcações a fogo são eliminadas com projeto
05 de Outubro de 2025 as 13h 48min

Procedimento antigo e que carrega um tradicionalismo em torno da prática, a marcação a fogo é cientificamente comprovada como um estímulo doloroso agudo, que compromete o bem-estar dos animais e pode levar a erros na hora da identificação dos bovinos.
Com o intuito de mudar esse cenário e incentivar o uso de alternativas mais assertivas e avançadas, o projeto Redução da Marca a Fogo foi aplicado em 4 propriedades brasileiras e, após um ano de realização, soma mais de 68 mil eliminações de marcações nos animais, fortalecendo o uso de identificadores individuais na orelha.
A Fazenda das Palmeiras, localizada em Ituiutaba, Minas Gerais, está entre as propriedades referenciais do projeto conduzido pela empresa BE.Animal, pelo grupo ETCO – Grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e Ecologia Animal, da Unesp Jaboticabal, e pela Fazenda Orvalho das Flores, além de ter o apoio da MSD Saúde Animal e da JBS. Como resultado, eles deixaram de realizar até 10 marcações a fogo por bovino, em um rebanho atual de 1.880 animais.
“Trabalhamos com o sistema de recria e engorda de bovinos e, até 2021, quando os animais chegavam à fazenda, recebiam todo processo de identificação (mês, ano e ordem de chegada e marca da fazenda) via marcação a fogo. Mas isso mudou com o projeto e tivemos um grande avanço no bem-estar animal”, afirma Antônio Campbell Penna, proprietário da fazenda.
A propriedade manteve apenas uma marcação, da marca da fazenda, pois ainda é indispensável para segurança. Ela é realizada de acordo com a legislação brasileira, nas áreas abaixo das articulações fêmuro-rótulo-tibial (joelho) e úmero-rádio-cubital (cotovelo), para evitar danificar o “grupon” (área que mais se utiliza na indústria do couro) e por serem locais com menor sensibilidade, causando menos agressão e dor no animal. Do restante, todas foram eliminadas. Essa ação impacta, inclusive, a equipe de trabalho do local.
“Todos que participavam das marcações a fogo sentiam-se desconfortáveis e incomodados pelo sofrimento aplicado aos animais. Não era, de forma alguma, um momento agradável. Além de todos os malefícios aos bovinos, a técnica era responsável por alta temperatura ambiental e grande tempo de exposição da equipe a acidentes”, detalha Antônio.
O pecuarista ainda conta que, com essa mudança de técnicas, diminuíram o tempo de contenção e a manipulação dos bovinos, reduzindo o estresse e a exposição dos animais e de todos os funcionários aos riscos de traumas e acidentes. “Hoje, demoramos uma média de 40 segundos para aplicarmos os brincos, a marca a fogo necessária e fazer a vermifugação, a aplicação de vacinas e de antiparasitário em cada animal”, detalha.
Tulio Ibanez Nunes, administrador, diretor e sócio na Rio Corrente Agropastoril SA, localizada em Coxim (MS), especializada em criação de bovinos para corte e outra propriedade integrante do projeto Redução da Marca a Fogo, pontua que a implementação da identificação por botton ou brinco permitiu eliminar cinco marcas a fogo de cada bovino. “Em um rebanho de 7 mil matrizes, evitamos cerca de 35 mil marcas, o que diminuiu horas de trabalho da equipe, além de reduzir o risco de acidentes e a dor dos animais”.
Outro ponto importante da participação no projeto, segundo Tulio, é que incentivou a mudança da atitude dos vaqueiros com os animais. “Também tivemos melhorias na maternidade e nos cuidados com o bezerro desde o nascimento, além de fortalecermos a nossa jornada de bem-estar animal. Hoje, temos um gado muito manso e fácil de manejar”.
AVANÇO DE TÉCNICAS
Embora frequentemente utilizada, a marcação a ferro quente não é o melhor método de identificação para bovinos, pois não fornece precisão ou confiabilidade suficientes, como demonstrado em estudo[1] realizado em propriedade brasileira. Os resultados mostraram erro de 18% na identificação das vacas por essa técnica, além de prejudicar o bem-estar animal e a imagem da cadeia produtiva da pecuária de corte.
Um dos responsáveis pelo estudo mencionado acima e que encabeçou o projeto Redução da Marca a Fogo foi o zootecnista Mateus Paranhos. O profissional, que faleceu em julho, deixou um grande legado em bem-estar animal e posicionava que a adoção de métodos de identificação animal eficientes e confiáveis, como as etiquetas auriculares eletrônicas, era essencial. Mateus pontuava que a marca a fogo, antes de provocar um dano no couro, era uma agressão à pele do animal.
A marcação a ferro quente também é desgastante para os funcionários responsáveis pelo serviço e não está de acordo com os preceitos de bem-estar animal. “Em alguns animais, as feridas provocadas pelas queimaduras podem sofrer contaminação por bactérias e parasitas, chegando até o estágio de necrose do tecido afetado, necessitando medicação local por longo tempo até a completa cicatrização. Identificar os animais com brincos em vez da marca a fogo traz diversos benefícios, como a redução do estresse animal e valorização do couro do bovino. Substituir a marcação a ferro quente de forma permanente é urgente e necessário, e o Prof. Mateus Paranhos foi um grande entusiasta do tema. Agora, seguiremos com a mesma missão, empenhados em dar continuidade ao projeto Redução da Marca a Fogo, que é um movimento progressista na pecuária brasileira”, destaca Janaína Braga, sócia-fundadora da BE.Animal.
Fonte: ASSESSORIA DE IMPRENSA
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