Mais de mil animais morreram atropelados em trecho da BR-163

Entre os animais mortos estão cachorro-do-mato, jaguatiricas e tamanduás-bandeira

24 de Julho de 2019 as 00h 00min

DA REPORTAGEM

Mais de mil animais morreram atropelados no trecho da BR-163 entre Cuiabá e Sinop nos últimos três anos. Os dados são de um levantamento feio pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que recebe os animais que sobrevivem para tratamento.

Entre os animais mortos estão cachorro-do-mato, jaguatiricas e tamanduás-bandeira. As principais ocorrências são os traumatismos de uma forma geral. “Dá em torno de um animal por dia. Quando a gente extrapola esses dados matematicamente, o número de quilômetros estudados, chega a 0,16 animais por km”, afirmou o professor Domingo de Jesus.

Os animais que não morrem nos locais dos acidentes, são levados para o hospital veterinário da UFMT. “Os animais chegam politraumatizados ou em vários níveis de inconsciência. Alguns chegam bem grave e logo vêm a óbito”, explicou a professora Elaine Dione.

A maior parte dos acidentes envolvendo animais acontecem ao anoitecer, momento de maior atividade dos mamíferos. “Esses mamíferos têm o pico de atividade durante a noite. Por isso temos que ter muito cuidado e usar o farol ligado e luz alta quando é permitido, além de observar bem”, completou Domingo de Jesus.

O jornalista José Roberto Gonçalves passou sustos pelo menos duas vezes neste ano. Viajando mensalmente para Cuiabá, ele conta que já teve de desviar pelo menos de dois animais. “Uma vez vimos um animal que parecia ser um esquilo, ele estava à beira da rodovia, e como eu estava com luz alta, diminui a velocidade. Mesmo assim, ele cruzou a pista”, relata.

“Na segunda, eu vi um vulto de certa forma distante, mas como havia muitos carros na direção contrária, tive que manter luz baixa. Em contrapartida, esses motoristas me alertaram com sinal de luz, reduzi significativamente a velocidade e dei sinal de alerta para quem vinha logo atrás. Notamos que havia um animal semelhante a uma paca correndo entre um trecho de mato e a beirada da rodovia, sob o risco de a mesma invadir a pista”, completa.