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MT: construção de usina pode extinguir espécies de peixes e afetar indígenas
06 de Junho de 2023 as 05h 41min

Uma pesquisa revelou que a construção da Usina Hidrelétrica (UHE) de Castanheira, que está prevista para ser instalada próxima ao Rio Arinos, na bacia hidrográfica do Rio Juruena, pode bloquear o principal canal da foz, que equivale a cerca de 600 km. A barragem também coloca 97 espécies de peixes migratórios em ameaça de extinção.
O estudo foi feito pela professora doutora da Universidade Internacional da Flórida, Simone Athayde, e pela pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP), Renata Utsonomiya.
Em nota, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) disse que a UHE Castanheira está em trâmite de licenciamento e terá o parecer divulgado assim que a análise técnica do órgão ambiental for concluída, o que ainda segue sem previsão.
Segundo a professora Simone, como o bloqueio vai interferir na conectividade entre os dois rios e, consequentemente, no volume de peixes, a alimentação dos povos indígenas que vivem na região pode ser colocada em risco.
“Existe uma série de impactos cumulativos que podem, realmente, comprometer toda a biodiversidade, incluindo a vida dos peixes migratórios que existem nessa região. A pesca é muito importante, tanto do ponto de vista da sobrevivência física e cultural de comunidades indígenas locais, quanto na própria economia regional”, disse.
Conforme a pesquisa, a construção do empreendimento pode causar impactos irreversíveis ao meio ambiente, sendo eles socioculturais, socioeconômicos e ambientais. O Rio Arinos é o que mais sofrerá com a implantação da usina, por causa da barragem que bloqueará o fluxo das águas.
“O que não consta nos documentos de licenciamento é que os peixes migratórios e os ecossistemas de água doce são únicos do Rio Arino, portanto, a construção da usina gera um impacto ambiental de grande magnitude”, explicou Simone.
A finalidade da usina hidrelétrica é produzir energia através do aproveitamento das águas de rios e represas. A ideia inicial parece boa, mas, de acordo com a pesquisadora, a implantação do sistema se baseia na descentralização da geração de eletricidade, ou seja, utiliza energia limpa como fontes renováveis, gerando impactos que influenciam nas mudanças climáticas.
“Temos cinco povos indígenas que serão, diretamente, impactados por essa hidrelétrica. Por isso a nossa pesquisa recomenda que novos estudos sejam realizados, para que sejam planejadas outras opções de geração de energia, até porque a construção da UHE Castanheira já se mostrou inviável de vários pontos de vista, inclusive técnico”, ressaltou.
Ainda de acordo com a professora, a qualidade da água, também, será colocada em risco devido à quantidade de aditivos, sinérgicos, agrotóxicos e fertilizantes, que podem ser adicionados no rio, por conta das atividades agrícolas.
“O que nos preocupa é exatamente os impactos cumulativos, porque sabemos que os parâmetros serão exacerbados pela própria dinâmica de fluxo interrompido, água parada e acumulação de nutrientes. Então tudo isso pode influenciar em um cenário agravante, em relação à qualidade da água que, consequentemente, vai impactar na qualidade de vida das populações humanas e das espécies aquáticas que ali habitam”, concluiu.
O estudo ainda aponta a inviabilidade econômica do empreendimento, devido as perdas materiais e culturais sofridas pelos povos indígenas.
“A UHE Castanheira poderia gerar um prejuízo de aproximadamente R$ 408 milhões aos investidores. Acrescentando-se os custos dos impactos negativos, emissões de gases de efeito estufa, perda econômica gerada pela inundação de áreas produtivas e diminuição da renda de pescadores, foi calculada uma perda potencial de aproximadamente R$ 589 milhões”, diz um trecho do documento.
Fonte: DA REPORTAGEM
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