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“O Culpado” prova que não se faz um filme só com atuação

08 de Outubro de 2021 as 07h 32min

Jake Gyllenhaal entra em mais uma das suas roubadas de história-de-um-homem-só – Foto: Divulgação

É acima de tudo um jogo de escassez o suspense “O Culpado”, uma narrativa que reconhece logo de partida suas limitações e a partir delas vai tentar descobrir, na prática, se é possível tirar dali um filme de verdade.

Remake do dinamarquês Culpa, de 2018, a versão hollywoodiana coloca Jake Gyllenhaal no papel de Joe Bayler, um policial de Los Angeles que é tirado das ruas (numa circunstância que o filme vai desvendando aos poucos) e forçado por alguns meses a trabalhar como atendente de ligações da linha emergencial do 911.

A trama transcorre durante uma madrugada, véspera de um acontecimento importante para Joe, em que ele se descobre enredado numa perseguição quando uma mulher telefona para a polícia pedindo socorro.

O roteiro adaptado por Nic Pizzolatto, criador de True Detective, se ampara na exposição a conta-gotas para gerar interesse pela trama de mistério e tensão, que é toda encenada dentro da central telefônica da polícia.

Rodado durante a pandemia, O Culpado segue os famosos protocolos de segurança até dentro do espaço cênico, já que os coadjuvantes nunca se aproximam demais de Joe (cada um cuida da sua estação de ligações ou fica na porta a mais de um metro de distância), e nos bastidores o diretor Antoine Fuqua (que já havia dirigido Gyllenhaal em Nocaute) só se comunicou com o ator por rádio.

Esses pressupostos forçam, na teoria, O Culpado a ser uma versão mais radical do típico suspense-de-telefone, como Por um Fio (2002), Chamada de Emergência (2013) ou Celular (2004), que aliás ganhou em 2008 um ótimo remake em Hong Kong com Louis Koo. Celular era um filme bem esperto, sem vergonha de usar clichês a seu favor, no estilo de outros longas escritos por Larry Cohen, e esse jogo de cintura falta a O Culpado. Talvez Pizzolatto se preocupe demais em fazer uma dramaturgia densa, “de respeito”, e esqueça que o absurdo de toda a situação pede soluções (sucessão de reviravoltas, tensões esticadas) também absurdas.

Ou seja, em outras palavras, O Culpado é um filme sem malícia, e só percebemos a falta que isso faz quando deparamos com a ausência completa dela. De qualquer forma, Antoine Fuqua é conhecido pelos filmes policiais cheios de gravidade e este O Culpado resulta plenamente condizente com seu estilo, embora o material de base pedisse um registro diferente.

Na prática, Fuqua não consegue entregar mais do que já faz normalmente; quanto à radicalidade narrativa que o isolamento exige, isso é frustrado sempre que O Culpado “sai” da central telefônica (seja com planos aéreos com os helicópteros de CGI ou nos planos-detalhes das luzes dos carros) e a artificialidade das imagens (cenas que parecem as reconstituições de um programa tipo Linha Direta) nos lembra que O Culpado é acima de tudo um thriller precário realizado num galpão.

Quem fica então encarregado com a tarefa árdua de transformar tudo isso num filme de fato - capaz de nos desarmar a descrença e nos transportar para uma realidade de ficção - é Jake Gyllenhaal. Não que seja estranho ou injusto para o ator, pelo contrário, porque Gyllenhaal tem sempre essa tendência de procurar os filmes-de-um-homem-só, veículos para que ele exercite, não sem uma ponta de narcisismo, seu melhor overacting. É assim em longas como O Abutre (2014), e uma hora Gyllenhaal vai ganhar o Oscar que ele procura, para ver se estanca finalmente essa sangria.

Enquanto isso, o que temos é uma experiência quase constrangedora de aula de teatro encenada, de um ator em busca de uma história para contar, dando muito mais para o filme do que O Culpado de fato merece.

Fonte: DA REPORTAGEM

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