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Terça Feira, 17 de Junho de 2025

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O Sequestro do Voo 375 é filme tenso do início ao fim

09 de Dezembro de 2023 as 12h 49min

Trama bem amarrada e boas atuações compensam artificialidade de efeitos visuais no longa de ação – Foto: Divulgação

É bem provável que você já tenha assistido a algum filme sobre sequestro de avião produzido em Hollywood. E, talvez, por isso tenha a impressão de que seria impossível realizar algo parecido no Brasil.

Pois O Sequestro do Voo 375 mostra que a tarefa é viável, cumprindo-se alguns requisitos: trama bem amarrada, bons atores, direção atenta aos detalhes e uma certa dose de ousadia.

Partindo de uma matéria-prima riquíssima - uma história real que aconteceu no fim da década de 80 -, o longa dirigido por Marcus Baldini se revela um thriller consistente, capaz de prender a atenção do espectador até a última cena. O roteiro, assinado por Lusa Silvestre e Mikael de Albuquerque, constrói o evento em si com muita engenhosidade, aproveitando cada desdobramento do episódio para aumentar a tensão.

A maior parte do filme se passa dentro do avião sequestrado por Nonato (Jorge Paz), tratorista em sérias dificuldades financeiras que tem um objetivo inusitado: atentar contra a vida do então presidente, José Sarney, arremessando a aeronave no Palácio do Planalto.

Sua determinação em seguir adiante com o plano, porém, é proporcional à imprevisibilidade da situação. Do outro lado está o piloto Murilo (Danilo Grangheia), que, sob ameaça e com mais de cem passageiros a bordo, faz o possível para manter a calma, pedir ajuda e evitar que uma tragédia aconteça.

O elenco de apoio é fundamental para criar o clima de apreensão que se instaura entre a tripulação e os passageiros, com destaque para as atuações de César Mello, na pele do copiloto Evangelista, e Juliana Alves, intérprete da comissária-chefe Cláudia.

Mas é nos ombros de Grangheia e Paz que recai a responsabilidade maior de sustentar a carga emocional da história. Embora o primeiro tenha mais oportunidades de criar nuances para seu personagem ao longo da história, a boa dinâmica entre os dois atores permite que a angustiante relação entre sequestrador e refém se intensifique diante de cada obstáculo.

Em terra firme, a figura mais importante é a operadora de voo Luzia (Roberta Gualda), primeira pessoa a descobrir que há algo de errado no voo e que acaba se tornando uma espécie de negociadora durante o sequestro. Com a difícil missão de acompanhar toda a ação à distância, a atriz entrega uma performance muito segura e emocionante.

A operadora também faz um bom contraponto aos demais envolvidos nas decisões sobre o sequestro, que mais parecem caricaturas. É o caso do capitão que quer resolver o imbróglio com uma cesta básica ou dos ministros dispostos a dar uma ordem de abate precipitada, desde que a motivação política do atentado não saia na imprensa.

Além da solidez das atuações e da consistente construção dos conflitos, O Sequestro do Voo 375 acerta na preocupação com os detalhes técnicos que emprestam ao filme verossimilhança: o longa é bem-sucedido na incumbência de nos colocar “dentro” do avião e mostrar como é complexo botar no ar um voo comercial em uma aeronave desse porte.

Na reconstrução de época, a produção é mais feliz na arte, no cenário e no figurino que nas forçadas referências culturais dos anos 80 nos diálogos, como citações aleatórias à novela Vale Tudo ou à banda Egotrip. Já os efeitos visuais nas sequências aéreas, que exigem uma computação gráfica mais robusta, infelizmente deixam a desejar.

Na dramaturgia, chama a atenção a opção de começar a história com narração e imagens de arquivo para dar o contexto político e econômico da chamada “década perdida”, em um tom próximo do documental. Isso acaba enfraquecendo as motivações de Nonato para uma atitude tão radical. Ao contrário dos passageiros e da tripulação, que podem ser apresentados de forma mais rápida, ele é o personagem mais complexo que vamos acompanhar durante o filme. Merecia, portanto, ter um pouco mais de sua história pregressa mostrada - e sentida pelo espectador - no próprio longa.

Tudo que temos é uma ligação para a mãe - que vive na Comunidade de Coroadinho, no Maranhão, e não tem dinheiro para os remédios que precisa tomar ou para dar refeições decentes à neta - e um breve momento de nervosismo antes do embarque. É muito pouco para tentar decifrá-lo. O que levou esse homem a uma decisão extrema como essa é uma pergunta que não tem uma resposta simples, mas que a narrativa poderia se esforçar mais em formular.

Um raro momento de alívio cômico protagonizado por Nonato, aliás, é o exemplo perfeito de que caberia trazer para o texto um pouco mais da personalidade do tratorista - um sujeito com falhas, contradições e qualidades, como qualquer outro.

No caso de Murilo, que é retratado com mais profundidade em suas relações, o filme extrai dele humanidade ao mesmo tempo que exalta também seu heroísmo - suas corajosas e arriscadas manobras em um boeing 737 foram determinantes para o desfecho dessa história, mesmo que não tenha tido o reconhecimento merecido em vida. O Sequestro do Voo 375 faz questão de ressaltar isso – e garantir que uma história impressionante como essa não caia no esquecimento.

Fonte: DA REPORTAGEM - Omelete

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