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O trabalhador, o suor e os esgotos da política brasileira
01 de Maio de 2025 as 10h 49min

Neste 1º de Maio, Dia do Trabalhador, há muito pouco a ser celebrado no Brasil — e isso não é culpa do trabalhador. É culpa de um país que, ano após ano, confisca, sem qualquer vergonha, o suor de quem levanta cedo e trabalha até a exaustão para, no final do mês, receber pouco, usufruir menos ainda e ver seus direitos ameaçados por quem deveria protegê-los.
Não fosse a sucessão infindável de escândalos, de desvios, de negociatas que se perpetuam nos altos gabinetes da República, o Brasil poderia ser hoje um país onde o trabalho digno fosse a regra, e não um luxo. O que se vê, no entanto, é o trabalhador sendo sempre o primeiro a pagar a conta — da corrupção, da má gestão, da incompetência institucionalizada.
Em Sinop, cidade que carrega nas costas seu próprio crescimento, impulsionada pela força de seus trabalhadores, a realidade ainda é menos amarga do que em tantas outras regiões do Brasil. Somos um polo de agronegócio, de comércio e de serviços que cresce acima da média nacional, mas nem por isso estamos imunes às mazelas que vêm de cima.
Quantos direitos já foram retirados sob o pretexto de modernizar o mercado de trabalho? Quantos impostos pesam sobre o contracheque de quem sua a camisa, enquanto outros acumulam benesses e sinecuras inacreditáveis? O trabalhador brasileiro vê seu esforço ser tributado com voracidade, enquanto o dinheiro público, que deveria financiar saúde, educação e infraestrutura, escorre pelos ralos da corrupção, irrigando castelos de privilégios.
A situação é ainda mais perversa quando lembramos que, hoje, mais da metade da força de trabalho do país está na informalidade ou no subemprego. São milhões de brasileiros que produzem, geram riqueza, mas que não têm sequer garantias mínimas asseguradas. Gente que trabalha sem férias, sem 13º, sem acesso a aposentadoria digna, muitas vezes sobrevivendo de bicos enquanto paga caro pela incompetência de quem deveria governar.
O discurso bonito sobre valorização do trabalhador, repetido à exaustão em palanques e campanhas publicitárias, é desmentido na prática diária. A cada "reforma" vendida como salvação, o que se vê são direitos diluídos, poder aquisitivo corroído, sonhos adiados. A realidade é que o Brasil se transformou num país onde o trabalhador é visto como estatística, como custo, como detalhe incômodo na engrenagem de quem lucra com o sofrimento alheio.
Não é falta de capacidade do povo brasileiro. Não é falta de esforço. Falta, sim, vergonha na cara de quem ocupa o poder e faz pouco — ou nada — para construir um país decente.
Se o Brasil tivesse governantes à altura da sua gente, teríamos um dos países mais prósperos do mundo. Teríamos trabalhadores recebendo salários justos, desfrutando de serviços públicos dignos, planejando o futuro com esperança.
Neste Dia do Trabalhador, a melhor homenagem talvez não seja a festa, a música ou o churrasco. A melhor homenagem seria a indignação. O reconhecimento de que o trabalhador brasileiro merece mais — muito mais — do que este país lhe oferece hoje.
Que o suor de quem trabalha não continue sendo diluído nos esgotos da corrupção e da má-fé política. Que um dia, talvez, possamos celebrar o 1º de Maio como se deve: como o dia em que o trabalho é verdadeiramente reconhecido como o alicerce de uma nação justa e próspera.
Fonte: JOSÉ ROBERTO GONÇALVES É DIRETOR DE REDAÇÃO D
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