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Por que Mato Grosso não tem candidato nota mil na redação do Enem há 6 anos?
20 de Janeiro de 2025 as 05h 43min
Muito além dos cálculos e fórmulas, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) usa a redação como meio para solucionar questões do cotidiano e inserir o candidato no campo da cidadania. Neste ano, o país registrou apenas 12 candidatos nota mil na redação do Exame. Em Mato Grosso, nenhum conseguiu atingir a nota máxima, uma realidade que já dura seis anos em toda a rede de ensino e, na pública, isso se estende para 12 anos.
Levantamento das notas e perfis dos candidatos que tiraram nota mil, além de opinião de especialistas, tentam explicar os fatores contribuíram para o cenário atual. Em Mato Grosso, 29 redações ficaram com pontuação acima de 980, sendo apenas quatro redações de alunos da rede pública.
Entre entre 2012 e 2018, houve uma queda acentuada no número de notas 1000. Em 2012, o recorde, com 24 estudantes. Em 2013, 4; 2014, 2016 e 2017, 2; e em 2018, apenas uma mulher.
Em 2012, o estado registrava 24 notas mil com o tema "O movimento imigratório para o Brasil no século XXI". No ano seguinte, foram quatro e, depois, não passou de dois.
Segundo o sociólogo e economista Mauricio Munhoz, a redução de notas máximas reflete o desestímulo à leitura da população, além da constante presença de inteligência artificial (IA) para resolução de questões básicas e uso incorreto de redes sociais no dia a dia.
“Acredito que [essas notas] tem mais a ver com a ascensão da IA, das redes sociais e do desestímulo à leitura. As pessoas estão lendo cada vez menos e quem é um bom leitor, escreve bem", explicou.
Para a professora de redação Suzana Luz, o atual perfil dos estudantes e a falta de incentivos por parte das instituições de ensino, que tem papel fundamental na formação, são os principais fatores que colaboram para o declínio da educação. Segundo a profissional, as instituições devem reprovar os alunos que não atingirem a média exigida, o que, segundo ela, raramente acontece.
“Temos uma gama de alunos que ainda não compreende a necessidade de olhar para os estudos de forma mais profissional, aquele que faça chuva ou faça sol, não deixa de estudar. As instituições também precisam fazer com que o aluno vá além da sala de aula, estimular horários de estudo em casa, ler livros, praticar redação e até reprovar os alunos que estão no ensino regular”, diz a professora de redação, Suzana Luz.
A última vez que um candidato mato-grossense conseguiu nota máxima na redação em toda a rede de ensino foi em 2018, com o tema "Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet". Na época com 21 anos, Gabriela Fonseca Arenhart era aluna de escola privada e fez um texto inspirado nos versos da música 'Admirável Gado Novo', do cantor Zé Ramalho.
Atualmente, a jovem cursa medicina na Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) e conta que ficou surpresa com o levantamento. Para ela, o nível de dificuldade da prova ao longo dos anos e a falta de oportunidades aos alunos podem ter limitado o desempenho no Exame.
“Acho que a prova está ficando cada vez mais difícil! Consegui essa nota depois de 4 anos e meio de cursinho, não é algo fácil. Os temas exigem que o aluno tenha pensamento crítico, esteja a par dos assuntos atuais e os temas da redação estão cada vez mais rigorosos”, ressaltou.
Gabriela lembra ainda que por mais que a nota mil seja o sonho de muitos estudantes, a boa nota nas provas objetivas também é ideal para ser aprovado no curso pretendido.
A nota final do Enem é calculada pela média das cinco provas: Ciências da Natureza, Ciências Humanas, Linguagens, Matemática e Redação. A redação é avaliada com base nas 5 competências de 200 pontos cada uma delas, podendo, então, chegar a 1.000 pontos.
Há 12 anos, quando a meta era 3,1, os estudantes marcaram 2,7 no Índice. Já em 2023, último dado divulgado, o ensino médio do estado registrou 4,2 (-0,2). Se comparado com a medição de 2021, até então a mais recente, o estado saiu do 19º lugar para a 8ª posição de avanço do ensino no Brasil, mas segue abaixo do esperado (veja no gráfico acima).
Mato Grosso possui o menor percentual da região Centro-Oeste e o segundo pior índice de leitura do país, de acordo com a 6ª edição da pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, divulgada em dezembro de 2024. Apenas 36% dos entrevistados afirmam ter o hábito de ler.
Em uma análise dos últimos 12 meses, Mato Grosso possui os menores índices da região em todos os itens do quesito "Penetração de leitura de livros".
Ao serem questionados sobre a frequência de leitura de livros de literatura por vontade própria, independente do suporte, 74% dos entrevistados mato-grossenses, que sabem ler e escrever, responderam que não possuem o hábito de ler.
Fonte: DA REPORTAGEM
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