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Quilombolas pautam práticas tradicionais como soluções climáticas na COP30
22 de Novembro de 2025 as 08h 36min
Não há justiça climática sem a transição para sistemas alimentares saudáveis – Foto: Assessoria
Em meio aos debates globais sobre o futuro do clima, as vozes das comunidades quilombolas ecoam na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas - COP30, que terminou ontem (21).
A Engenheira Agrônoma e pesquisadora em Sistemas Alimentares, Fran Paula, quilombola de Mato Grosso, junto com outras mulheres quilombolas e afrodescendentes, pauta justiça climática a partir da perspectiva dos territórios afrodescendentes em várias atividades. A participação acontece tanto na programação oficial da Blue Zone da COP30 quanto na Cúpula dos Povos, o espaço de articulação dos movimentos sociais.
Por um lado, um evento chave na programação oficial da COP30: “Sistemas Agrícolas Tradicionais Quilombolas: Ecologia Ancestral para a Justiça Climática”. O debate na Blue Zone reafirmará a importância de disputar as narrativas científicas sobre o futuro da alimentação, do clima e da terra, levando perspectivas que partem da ancestralidade e das lutas locais por soberania alimentar.
“Nosso principal ponto nesta COP é compartilhar como as práticas quilombolas promovem preservação e manejo sustentável e ecológico. Essas iniciativas locais podem ser reproduzidas a nível global com apoio e financiamento adequados, o que constitui também a responsabilidade de uma reparação histórica e reconhecimento”, destaca a pesquisadora.
Por outro lado, o lançamento do Manifesto da Aliança Científica pelos Sistemas de Agricultura e Alimentação Tradicional. O manifesto é um chamado coletivo que reafirma: não há justiça climática sem a transição para sistemas alimentares saudáveis, sustentados pelos povos que há séculos cuidam da biodiversidade. É um chamado coletivo a defender esses modos de plantar, colher, cozinhar e viver, que defendem o futuro do clima. É um convite para fortalecer essa agenda construída por pesquisadores e guardiões de saberes indígenas, quilombolas e afrodescendentes.
A pesquisadora reforça que a agenda quilombola é urgente. Apesar de a COP30 ser sediada no Brasil, com foco nos biomas cruciais, Fran Paula aponta para uma baixa inclusão de movimentos sociais, o que torna a participação das mulheres quilombolas ainda mais relevante. "Levamos a mensagem clara: sem Justiça de Gênero e sem Justiça Racial, não há Justiça Climática," afirma.
Essa pauta está intrinsecamente ligada à reparação histórica e ao reconhecimento da agência quilombola. A principal demanda do Movimento Quilombola é defender os Territórios Afrodescendentes como Territórios Biodiversos que promovem Justiça Climática – defesa comprovada pelos dados que mostram que os menores índices de desmatamento no Brasil concentram-se justamente nas áreas Indígenas e Quilombolas.
“Pensar na transição ecológica é pensar em reparação histórica de acesso à Terra e Territórios, que começa com o reconhecimento dessas práticas e com a inclusão da regularização e titularização dos Territórios Indígenas e Quilombolas dentro da Política Climática do país”, defende Fran.
A presença quilombola na COP30 serve também como denúncia. Fran Paula ressalta que, embora os Territórios sejam fortes guardiões ambientais, eles são vulnerabilizados e ameaçados pelo modelo de desenvolvimento capitalista, o agronegócio e a exploração de biomas. A degradação, os incêndios e o avanço de grandes projetos, como a Ferrogrão em Mato Grosso, são exemplos de racismo ambiental. Ao denunciar essas violações, as mulheres quilombolas reafirmam a importância de proteger os espaços que são soluções climáticas.
Fonte: DA REPORTAGEM
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