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Sobreviventes de Covid grave têm mais estresse pós-traumático
12 de Janeiro de 2023 as 06h 00min

Um ano depois da alta hospitalar, sobreviventes da forma grave da Covid-19, que precisaram de ventilação mecânica, têm o dobro de prevalência de sintomas de estresse pós-traumático, mais dificuldades para retornar ao trabalho e outras incapacidades do que aqueles que tiveram formas menos graves da doença.
Os resultados são de um estudo publicado na semana passada em uma revista científica de medicina intensiva, realizado entre março de 2020 e março de 2022 em 84 hospitais ligados à Coalizão Covid-19, uma aliança para a condução de pesquisas que envolve várias instituições de ponta como Albert Einstein, Sírio-Libanês, Oswaldo Cruz, Beneficência Portuguesa (em São Paulo) e Moinhos de Vento (em Porto Alegre).
Os pacientes foram comparados de acordo com a gravidade da doença: desde aqueles internados que não precisaram de oxigênio até os que necessitaram de intubação (ventilação mecânica).
Entre os 1.508 inscritos no estudo, 36 morreram antes de completar um ano de acompanhamento. A taxa de mortalidade por todas as causas entre os que foram intubados foi de 7,9%. A de pessoas que tiveram a forma menos grave de Covid foi de 1,2%.
O estudo mostrou que 1 em cada 4 pessoas intubadas precisou ser internada novamente ao longo dos 12 meses subsequentes (24% contra 19,6%). O índice de eventos cardiovasculares, como o infarto, também foi mais do que o dobro em relação àquelas não precisaram de ventilação mecânica (5,6% contra 2,3%).
“Os resultados servem de alerta não só para os pacientes que tiveram Covid grave e seus familiares como também para os gestores de saúde. [O uso de ventilação mecânica] pode ser um marcador de fácil reconhecimento para a identificação de pacientes com maior risco e para ajudar a traçar metas de reabilitação”, diz o médico intensivista Regis Goulart Rosa, pesquisador do Hospital Moinhos de Vento e autor principal do estudo.
Segundo a pesquisa, é alto o percentual de pacientes que relataram novas incapacidades, como dificuldade de se locomover, um ano após a internação (40,4% contra 23,5%). Eles também têm menor taxa de retorno ao trabalho (88,1% contra 97,5%) e aos estudos (88,9% contra 96,9%).
“O acompanhamento e os cuidados mais personalizados desses pacientes também podem significar uma boa relação de custo e efetividade para os sistemas de saúde. Se a pessoa reinterna menos, consegue retornar mais rapidamente à sociedade, ao seu trabalho, aos estudos, todos ganham com isso”.
O estudo revela ainda que pacientes que passaram por intubação sofrem grande impacto na saúde mental. A prevalência do transtorno do estresse pós-traumático entre eles foi o dobro em relação ao grupo com menos gravidade (14% contra 7%). Um em cada quatro apresentou sintomas de ansiedade (24,7% contra 17,5%).
A idade média dos participantes do estudo foi de 53 anos; 60,8% eram homens. Hipertensão (45%), obesidade (30%) e diabetes (24%) estão entre as comorbidades mais prevalentes. A duração média da ventilação mecânica durante a internação foi de dez dias.
Outros estudos já apontaram que pacientes com Covid-19 que precisaram de ventilação mecânica têm maior probabilidade de apresentar marcadores inflamatórios elevados, envolvimento pulmonar mais extenso, disfunção de múltiplos órgãos e maior mortalidade hospitalar. “A ventilação mecânica é um tratamento muito eficaz, salva vidas, mas não é isento de efeitos adversos”, afirma Regis Rosa.
A literatura científica mostra que fatores como sedação profunda, medicamentos (agentes bloqueadores neuromusculares e corticosteroides), imobilização e pneumonia estão associados a piores resultados a longo prazo, com fraqueza adquirida na UTI, estresse pós-traumático, mortalidade pós-alta e qualidade de vida reduzida.
Fonte: DA REPORTAGEM - FolhaPress
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