Noticias
Teatro da mordaça
06 de Agosto de 2025 as 12h 13min
A cena é digna de um episódio de sátira política. Deputados estaduais de Mato Grosso, eleitos para representar uma população que clama por saúde, segurança, infraestrutura e transparência, decidiram interromper os trabalhos na Assembleia Legislativa para protestar contra... a prisão de Jair Bolsonaro. Sim, é isso mesmo.
Vestidos com camisetas do ex-presidente e entoando gritos de ordem, os parlamentares do PL transformaram o plenário em palanque — ou melhor, em palco de nostalgia ideológica.
Não se discute aqui o direito ao protesto. Ele é legítimo, faz parte do jogo democrático. Mas há protestos e protestos. E há também prioridades. Enquanto o Mato Grosso enfrenta desafios reais e urgentes, como a crise na saúde pública, o aumento da criminalidade no interior e a falta de políticas eficazes para o desenvolvimento sustentável, nossos representantes optam por encenar um ato político que, na prática, nada muda — além de render manchetes constrangedoras e alguns aplausos de ocasião.
Talvez seja o caso de sugerir que mantenham esse roteiro. Afinal, como personagens de um teatro improvisado, causam menos dano quando atuam do que quando legislam. Fosse a mesma energia canalizada para debater projetos estruturantes ou fiscalizar os gastos públicos, a população talvez tivesse algo mais concreto a comemorar do que gritos de “Bolsonaro livre” ecoando pelas paredes da Assembleia Legislativa.
O mais curioso é que os autores do protesto se dizem guardiões da liberdade, mas não hesitam em atacar instituições quando elas não lhes servem. A seletividade no uso das bandeiras democráticas é, no mínimo, conveniente.
Questionar decisões judiciais é parte da democracia. Mas infantilizar o debate político e tentar transformar o Parlamento em comitê eleitoral permanente só evidencia o vazio de ideias — e de propostas — de parte da nossa classe política.
Enquanto a economia brasileira tenta se recuperar, e estados como o nosso lutam por maior autonomia e desenvolvimento, o que ganhamos com esse tipo de encenação? A resposta é simples: nada. Apenas mais um episódio da série “Brasília é logo ali”, onde o foco é o holofote, e não o povo. Que sigam assim. Quando atuam nesse teatro ideológico, pelo menos não estão mexendo no bolso do contribuinte com propostas inócuas ou legislações questionáveis. Já é algum consolo.
Fonte: EDITORIAL
Veja Mais
Vento solar poderoso quebra a cauda do cometa mais brilhante do ano
Publicado em 16 de Outubro de 2025 ás 11h 25min
Taxação de bets, bancos e bilionários só é injusta para desinformados, diz Haddad
Publicado em 16 de Outubro de 2025 ás 10h 24min
Sinop lança Campanha Refis com descontos para regularizar tributos
Publicado em 16 de Outubro de 2025 ás 09h 24min