Turismo rural abre novas perspectivas às queijarias

17 de Novembro de 2025 as 05h 03min

Por muitos anos, o queijo de Minas Gerais, especialmente o da Serra da Canastra, se destacou por sua tradição, sendo reconhecido em todo o país como uma verdadeira referência nacional. No entanto, o cenário queijeiro brasileiro vem se transformando e se ampliando. Hoje, diversas regiões despontam na produção artesanal, conquistando premiações em concursos internacionais e mostrando que os queijos de qualidade estão em alta.

Entre as mais recentes iniciativas, o Governo de São Paulo, por exemplo, anunciou a Rota do Queijo São Paulo, que reúne 102 queijarias de 77 municípios, com o objetivo de fortalecer a produção artesanal, valorizar os produtores locais e integrar turismo, gastronomia e cultura.

“Esse projeto reflete não apenas a diversidade que temos, mas também a qualidade e a valorização dos produtores, que elevam, a cada dia, o padrão da queijaria com receitas autorais”, afirma Ana Rita Scozzafave, jurada internacional de queijos, médica-veterinária, consultora no agronegócio e CEO do Grupo SCZ Agro & Agrointeligência.

O projeto é dividido em oito rotas temáticas, que incluem fazendas, queijarias, empórios e experiências turísticas voltadas à iguaria, impulsionando a economia regional e aumentando a visibilidade dos produtores paulistas.

As rotas abrangem as regiões Alta Paulista, Bandeirantes, Cuesta, Itaqueri e Tietê, Mantiqueira e Vale do Paraíba, Mogiana Paulista, Nascentes, Águas e Serras Paulistas, Noroeste Paulista e Sudoeste Paulista.

Desde 2022, o número de produtores artesanais registrados em São Paulo cresceu 300%. Atualmente, já são quase 60 queijarias reconhecidas. O estado também ganhou destaque internacional recentemente no Mondial du Fromage, na França, com quatro queijos entre os dez melhores do mundo.

“Pequenos produtores descobriram que podem agregar muito valor ao leite fabricando queijos únicos. Além de São Paulo, há um movimento crescente em estados como Amazonas, Mato Grosso e em cidades do Norte e Nordeste, que também já foram reconhecidas em julgamentos internacionais”, acrescenta a especialista.

VALORIZAÇÃO DA PRODUÇÃO

O perfil do consumidor muda a cada ano, e as pessoas têm buscado queijos artesanais e produtos locais que expressam autenticidade e qualidade. Degustar hoje vai muito além do sabor: é conhecer sua origem, sua história e o trabalho por trás de cada produtor.

Essa valorização do artesanal reflete um novo olhar sobre o alimento, que passa a ser visto como uma experiência completa. Seja em momentos especiais, acompanhando um bom vinho ou em confraternizações com amigos, o queijo artesanal conquista espaço por unir tradição, sabor e pertencimento em cada fatia. “Vejo uma crescente demanda, o público consumidor quer se conectar à história, à origem, e muitos estão dispostos a pagar mais por produtos exclusivos”, destaca a jurada.

Ainda segundo a especialista, é importante ressaltar o esforço das pequenas queijarias que buscaram alternativas diante da baixa valorização do leite. “Se, por um lado, o consumidor busca queijos diferenciados, por outro, vemos o empenho de produtores que, mesmo com poucos recursos e até em regiões remotas, se destacam pela preocupação com a qualidade, que vai desde a escolha do leite até os ingredientes típicos que resultam em produtos de excelência”, acrescenta.

Com esses produtos de qualidade na prateleira, o turismo rural ganhou espaço e gerou a oportunidade de transformar visitas às propriedades em experiências únicas e memoráveis. “O turismo rural é uma forma de atrair o público das grandes cidades, que busca contato com a natureza, autenticidade e momentos especiais. Além disso, possibilita aos estabelecimentos rurais a venda de outros produtos locais, como geleias, cafés, bolachas e delícias típicas da região, bem como passeios guiados”, destaca a consultora.

Fonte: ASSESSORIA DE IMPRENSA