Noticias
Vitória na corte do “rei” Arthur?
26 de Maio de 2023 as 16h 49min

Para quem gosta de futebol, quando o tema é muito importante, o Congresso Nacional funciona como o regulamento da Copa do Brasil: jogos de ida, em casa, e de volta, no estádio do concorrente. No primeiro caso, a Câmara dos Deputados aprovou por 372 votos o novo arcabouço fiscal, ou seja, as regras sobre como o governo vai arrecadar e gastar dinheiro.
Para a surpresa de alguns, o PL contribuiu com 30 votos a favor da proposta governista e, provando que não existe toda essa unidade na esquerda, os 12 deputados do PSOL votaram contra, além de Túlio Gadelha, o único parlamentar da Rede, partido da ministra Marina Silva, que também foi contra. Deve-se lembrar que existe sempre a questão eleitoral: se esses 13 votos fossem necessários para a provação, obviamente PSOL e Rede teriam votado a favor, apesar de suas eternas ressalvas em relação ao PT. Porém, como o placar já era mais do que o suficiente, seus votos contra serviram para reafirmar seus discursos para o público fiel. Coisas que sempre existiram na política e que foram aprofundadas pelas redes sociais.
Enfim, como o “jogo de ida” foi ganho com folga, provavelmente não haverá surpresa no de volta, no Senado. Provavelmente, a nova regra fiscal sofrerá mais algumas alterações, mas deve ser aprovada porque algo tem que regular as contas do governo, o caos econômico não interessa a ninguém e porque o plano é, no mínimo, funcional.
Segue o jogo!
Após a votação expressiva conquistada por deputados e senadores conservadores, ao fim das eleições do ano passado, até os otimistas tinham dúvidas sobre o futuro de Lula. Em outubro de 2022, jamais se pensaria que a PEC da Transição fosse aprovada tão rápido e, muito menos, que a nova regra fiscal seria aprovada com folga. Mérito da articulação política do governo, principalmente, com o “dono da bola” na atualidade, o presidente da Câmara, Arthur Lira. No caso, alguém que tem grande influência nos partidos do centro, o que não significa apenas parlamentares folclóricos e partidos inexpressivos, mas siglas importantes como MDB, União Brasil e PSD. E como nenhum governo aprova nada sem o centro, tudo isso é uma questão de racionalidade: em política não é necessário ser amigo, mas para que ser inimigo, não é?
Há quem tenha se espantado com os 30 votos do PL para a aprovação, mas isso é natural e não tem nada de errado aí. O deputado no qual você votou tem que dialogar com o deputado eleito por quem pensa de maneira muito diferente da sua. Lula é o presidente de 50,9% dos eleitores, mas e dos outros? Políticos não lidam com o Congresso Nacional ideal, e para atender às demandas do bairro de cada eleitor, têm que dialogar com os outros parlamentares. Os mais inteligentes dão um passo para trás aqui, um para o lado ali, e se tiver habilidade mesmo, quando for possível, dois passos mais à frente.
No meio disso tudo, para o ministro Fernando Haddad a comemoração é natural, mas também uma forma de ressaltar os resultados de seu trabalho, que obviamente visam a faixa presidencial. Porém, o drama ainda não acabou: caso seja realmente confirmada a aprovação do novo arcabouço fiscal, abre-se o caminho para uma luta de décadas, a reforma tributária. Se fosse um campeonato, essa seria a final.
Então, voltamos à situação em que até o mais otimista olha com desconfiança, porque, nesse caso, como pode andar uma discussão em que todo mundo só aceita ganhar? Pois é, tudo isso não é futebol, mas é tocar a bola pra frente e segue o jogo.
Fonte: FERNANDO RINGEL É JORNALISTA E PROFESSOR UNIVERSI
Veja Mais
Cejusc realiza em Sinop mutirão de audiências de conciliação
Publicado em 01 de Julho de 2025 ás 18h 41min
Sorriso-Confins: dois voos são cancelados por ‘questões técnicas’
Publicado em 01 de Julho de 2025 ás 15h 43min
Profissionais da enfermagem cobram cumprimento do piso
Publicado em 01 de Julho de 2025 ás 15h 17min